Americanas (AMER3): "novela" com credores pode chegar ao fim

Bancos não devem ser afetados por fato relevante, sendo assim, os termos dos acordos com os credores devem seguir os mesmos

A “novela” na negociação da Americanas (AMER3) e os bancos e credores pode estar próximo de um desfecho. De acordo com fontes, os bancos não devem ser afetados pelo fato relevante divulgado nesta terça-feira (14), onde a companhia admitiu a fraude e a culpa da diretoria anterior. As informações são do Valor Econômico.

Com isso, os termos dos acordos com os credores devem seguir os mesmos. Os bancos acreditam que o relatório apresentado é “algo interno e da administração”, e não tem impacto concreto nas negociações de dívida e afins. Houve uma onda de ofensivas das instituições financeiras contra a Americanas após a divulgação do escândalo financeiro, mas desde abril as partes entraram em trégua. 

A expectativa é que o acordo entre os credores e a Americanas, com parcelamento e desconto da dívida bilionária da empresa, saia até o fim deste mês.

Americanas divulga nova lista de credores

A Americanas também atualizou a lista de credores. E dentre os bancos, destaca-se a dívida de R$ 4,9 bilhões ao Bradesco (BBDC4) e R$ 3,5 bilhões devidos ao BTG Pactual (BPAC11).

Além disso, são R$ 1,5 bilhões devidos ao Banco do Brasil (BBAS3) e R$ 3,5 bilhões devidos ao Santander (SANB11).

Americanas (AMER3): ex-CEO aponta participação de bancos nas fraudes

A Americanas (AMER3) entregou à CPI da Câmara dos Deputados documentos com trocas de e-mails que sugerem a existência de uma versão falsa do balanço da empresa, planejada para ser apresentada ao Conselho de Administração e ao mercado. Os documentos, entregues nesta terça-feira (13), também apontam indícios de envolvimento das empresas de auditoria PriceWaterhouseCoopers (PwC) e KPMG na elaboração de relatórios com conteúdo favorável à empresa. As informações são do Estadão.

Os bancos Itaú (ITUB4) e Santander (SANB11) suavizaram cartas de circularização relacionadas a financiamentos para fornecedores, conhecidos como “risco sacado”, conforme apontado.

Durante a CPI, o CEO Leonardo Coelho mencionou trocas de e-mails entre auditores da KPMG e a diretoria da Americanas para suavizar termos da carta de auditoria. “Deficiências significativas” foi substituído por “recomendações que merecem atenção da administração”.

No que diz respeito aos e-mails trocados entre a PwC e a diretoria da Americanas, Coelho afirmou que o documento carece de contexto, mas sugere que a auditoria teria proposto uma redação que tornasse as questões relacionadas a operações de risco sacado menos claras. Nas imagens apresentadas, é possível ver a sugestão de uma funcionária da auditoria para modificar a redação da empresa.

O Itaú entrou em contato com à reportagem e se posicionou a respeito das acusações do ex-CEO da Americanas. Confira abaixo na íntegra:

“O Itaú Unibanco esclarece que as cartas de circularização, que são instrumento de apoio aos trabalhos de auditoria, até 2017 traziam o saldo integral das operações de antecipação contratadas por fornecedores, denominadas “risco sacado”. A partir de 2018, após discussões de mercado, a carta de circularização foi restringida para refletir apenas as operações contratadas diretamente pela Americanas, com a exclusão do saldo das operações de antecipação contratadas por fornecedores. Por outro lado, como medida de transparência, foi adicionado o parágrafo que alertava para a realização de operações de antecipação de recebíveis emitidos contra a Americanas, permitindo que as empresas de auditoria conhecessem sua existência e questionassem sobre seu saldo, caso necessário. O Itaú reforça que a elaboração das demonstrações financeiras é responsabilidade exclusiva da companhia e de seus administradores. É leviano atribuir a terceiros a responsabilidade pela fraude, confessada ontem pela companhia ao mercado.”

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