Em ano de Copa, Magalu (MGLU3) monta tática para sair na frente da concorrência

Segundo o diretor executivo de marketplace do Magazine Luiza, Leandro Soares, impacto das vendas no online neste ano deve ser ainda mais forte sobre os resultados

Ano de Copa do Mundo é sempre diferente. Os números mostram que, em época de Copa, a população tende a gastar mais e este movimento, consequentemente, impulsiona o varejo. Segundo o diretor executivo de Marketplace do Magazine Luiza (MGLU3), Leandro Soares, o Magalu se preparou para fazer “uma copa memorável”. A empresa pretende atacar em várias frentes, aproveitando seus braços de negócios em varejo esportivo (Netshoes), de departamentos e conveniência. 

O movimento do Magazine Luiza não é à toa. No Mundial de 2014, por exemplo, o comércio eletrônico registrou crescimento de 27% nas vendas no Brasil. De acordo com dados da consultoria GFK, a projeção do mercado brasileiro para este ano é comercializar cerca de 10,5 milhões de unidades de televisores, o que representa uma alta de 5% em relação ao ano passado.

Apesar de não citar números sobre projeções futuras do Magazine Luiza, Soares destacou, em entrevista ao BP Money, que Copa do Mundo é sempre um momento importante para o varejo brasileiro. 

“Para nós, como Magazine Luiza, a copa sempre foi importante, porque é um momento de vendas de TV historicamente muito maior e televisores é uma das nossas categorias principais. A Copa sempre foi um ano extremamente importante que a gente tem de perspectiva. Em particular nessa copa do mundo, a gente está mais completo”, disse o executivo do Magalu. 

Em 2019, o Magalu adquiriu as operações da Netshoes, que é, hoje, o maior e-commerce de artigos esportivos do país. Esta será a primeira copa do Magalu com a varejista esportiva sob seu guarda-chuva e é natural que ocorra, por exemplo, um salto nas vendas de camisas da Seleção Brasileira até o início da Copa do Mundo do Catar.

“Além das vendas de TV, que historicamente aumentam em ano de copa, a gente tem a Netshoes – que engloba toda categoria de esporte, temos a Zattini, que tem moda… Ou seja, a pessoa vai estar assistindo a TV do Magalu, com a camisa comprada na Netshoes, comendo um amendoim do nosso mercado e usando um baldinho de gelo do nosso marketplace, então a gente acredita muito que este ano vai ter um impacto ainda mais forte do que a gente observou nos outros anos”, complementou Soares. 

Ainda como parte da estratégia montada pelo time do Magazine Luiza, a empresa contará, na Copa do Catar, com sua publicidade em todos os jogos e transmissões realizadas pela Rede Globo. 

Como o Magalu encara o cenário adverso para o varejo no Brasil

Apesar de todo o otimismo com o ano de copa, 2022 tem sido desafiador para as varejistas brasileiras. O cenário de juros altos e inflação elevada tem feito o brasileiro pensar mais antes de adquirir certos produtos, já que o poder aquisitivo tem diminuído nos últimos meses. Além disso, a concorrência no cenário doméstico vem aumentando, com players internacionais entrando no mercado interno e caindo no gosto dos consumidores, como Amazon, Aliexpress, Shopee, entre outros.

A falta de otimismo do mercado com o varejo no Brasil reflete nos papéis das empresas na Bolsa de Valores de São Paulo (B3). O próprio Magazine Luiza sofre com uma queda de 62% em suas ações, no acumulado de 2022. Os papéis de sua concorrente direta, a Via (VIIA3), tombaram mais de 53% neste ano. 

Segundo o diretor de Marketplace do Magalu, mesmo com a queda nos resultados da companhia e, consequentemente, o tombo nas ações, o marketplace da companhia segue gerando bons frutos.

“Acho que tem um fator macroeconômico que não é tão simples. Mesmo assim, percebemos que a empresa segue crescendo, em particular o marketplace, que está crescendo bastante. A companhia, nos últimos 2 anos, dobrou de tamanho. As vendas online triplicaram e o marketplace quadruplicou. Então o marketplace vem em um crescimento bem acima da média da própria empresa, impulsionando o crescimento da empresa como um todo. Na divulgação do último trimestre, crescemos 50% ano contra ano no marketplace e já somos 36% do online – que já é uma fatia importante da empresa como um todo (70%). O marketplace vem crescendo bastante e vem impulsionando a empresa como um todo para o seu crescimento”, pontuou Soares.

Em relação à concorrência, o executivo do Magalu destacou que a companhia não vê nenhum par, até a nível global, que faça frente ao que o Magazine Luiza faz. “A grande maioria dos marketplaces no Brasil e mundo afora nasceram de uma operação online pura (Alibaba na China, Amazon nos EUA, etc). Nós fizemos o movimento contrário. A gente vem de uma empresa física, do mundo de venda física, cria um ecommerce sobre essa empresa e o marketplace que se apoia nessa presença física. O nosso marketplace usa a presença física como um motor muito importante. Hoje as nossas lojas físicas (mais de 1400) servem como um motor do marketplace. Tem vários serviços que elas prestam. Mais da metade dos sellers que a gente faz captação vem de loja, através dos nossos vendedores que estão no meio físico”, explicou Soares. 

Segundo o diretor de marketplace do Magalu, a presença física é essencial para a companhia recrutar sellers para seu marketplace. Além disso, as lojas também são importantes para que a experiência omnichannel fique completa. 

“A gente utiliza a loja como um ponto de retirada para compra de clientes. O cliente compra um produto do marketplace e retira gratuitamente na loja e mais recentemente a gente também usa loja como ‘agência Magalu’ para os nossos parceiros. Se o parceiro é pequeno, e faz poucos envios por dia, a gente abre a nossa loja para ele ir lá e entregar o produto na nossa loja e com isso utilizar a nossa malha. Assim, eu consigo fazer um frete muito mais barato, com um nível de serviço muito superior. Esse marketplace multicanal, que utiliza físico e online, não tem nenhum paralelo fora do Brasil e no cenário doméstico”, salientou Soares sobre o modelo de negócios omnichannel do Magalu. 

O executivo afirmou que a companhia não pretende, por ora, investir em novos negócios ou frentes de atuação para acelerar seus resultados. “A gente tem várias frentes ainda para explorar, e o marketplace é o principal canal. A gente tem a nossa área de logística, que presta o serviço para os nossos parceiros. Temos a área de finanças, que é o Magalu Pagamentos, que hoje oferece antecipação, oferece empréstimos para você fazer pagamentos fora da sua plataforma, e a gente também tem nossa área de publicidade que é o Magalu Ads. Esses são os produtos que a gente tem para oferecer para os nossos parceiros e provavelmente seguiremos com eles nos próximos anos, sempre desenvolvendo funcionalidades e produtos novos”, disse Soares. 

Ainda sobre o marketplace do Magazine Luiza, Soares afirmou que a companhia preza pela qualidade e pela procedência dos produtos vendidos por seus sellers, para não correr o risco de virar um “camelô online”. 

“A gente preza demais pelo nosso marketplace. Dentro do nosso marketplace a gente tem características inegociáveis. A gente exige nota fiscal de todas as nossas vendas. É proibida a venda de produtos não permitidos por lei. Combatemos a informalidade, garantindo que todos os nossos produtos sejam com nota fiscal. Temos uma questão de produto pirata e de origem duvidosa, digamos assim. Temos muitos mecanismos para garantir isso. Primeiro, a gente tem algumas marcas que não são permitidas ser vendidas, a gente tem canais de denúncias de clientes e temos uma empresa de consultoria que fica monitorando nossa plataforma o tempo todo”, explicou Soares. 

“Temos tolerância zero com parceiro que vende produto falsificado ou qualquer coisa que vai contra a propriedade intelectual. A gente descadastra este seller e não permite mais o seu retorno”, complementou o executivo do Magazine Luiza.  

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