A fintech Marvin chamou a atenção de investidores de peso com sua operação de recebíveis. A companhia, fundada a aproximadamente seis meses e com dois meses de operação, recebeu um aporte da Mauá Capital em maio, que foi avaliado em R$ 65 milhões. E numa nova rodada de investimento contou com o investidor-anjo Eduardo Gouveia, ex-presidente da Cielo. O valor do aporte não foi divulgado.
A rodada foi liderada pela firma de venture capital Canary (Loft, Buser).
A Marvin se destacou por ter fundadores experientes e atuar num mercado de potencial trilionário. Comandada por Bernardo Vale, ex-sócio da fintech Monkey Exchange, e Henrique Echenique, ex-diretor da registradora Cerc, a companhia surgiu focada nas mudanças no mercado de crédito do Banco Central.
Uma medida, que entrou em vigor em sete de junho, obriga que todas as transações realizadas via cartão no país sejam registradas numa central de recebíveis. Essa centralização, que movimentou cerca de R$ 2 trilhões em 2020, possibilita a negociação desses pagamentos futuros – considerados umas das garantias de crédito mais fortes no sistema bancário.
A fintech viu a oportunidade de usar os recebíveis de cartão de crédito para facilitar transações entre pequenos varejistas e indústrias. Isso porque as varejistas compram à vista dos fornecedores, mas só recebem de seus clientes (nas compras no cartão de crédito) após 30 dias. “Nossa ideia é entrar no meio da cadeia para garantir que a própria indústria fornecedora consiga dar mais prazo para o cliente”, disse Bernardo Vale, o presidente da companhia, à Exame.
A empresa aproveita que muitos investidores foram atraídos pelo universo dos recebíveis e agora procura sócios para auxiliar na busca por talentos e novos investimentos financeiros. “Estamos transacionando rápido, gerando receita e não poderíamos ter gastado toda a nossa primeira rodada nesse curto espaço de tempo. A motivação desta nova captação foi outra”, declarou Vale.
A Marvin espera se beneficiar da experiência da Canary, que pode colocá-la no caminho certo para o venture capital.
A questão é que o capital não é um problema para os ecossistemas brasileiros, que vem batendo recordes em 2021, mas alcançar os fundos certos é desafiador e pode ser decisivo para a nova empresa, especialmente quando as concorrentes já estão capitalizadas.
“As habilidades demonstradas por Bernardo e Henrique em sua trajetória bem-sucedida nos atraíram muito. Eles foram o time que mais nos impressionou em termos de conhecimento do mercado de arranjo de pagamentos, e também pela forma como estão atacando essa oportunidade”, afirmou o sócio da firma de venture capital Canary, Marcos Toledo.