ArcelorMittal paga R$ 11,4 bi pela CSP para se consolidar na liderança

O acordo entre ArcelorMittal e CSP foi fechado após oito meses de conversas preliminares

Buscando manter a liderança na produção de aços planos no Brasil, além de continuar a ser um grande fornecedor de produto semi-acabado no exterior, o grupo ArcelorMittal anunciou, nesta quinta-feira (28), que irá investir R$ 11,4 bilhões na compra da CSP (Companhia Siderúrgica do Pecém), no Ceará. 

O acordo foi assinado com a Vale e suas sócias sul-coreanas na siderúrgica, Dongkuk e Posco na noite de quarta (27). O acordo entre ArcelorMittal e CSP foi fechado após oito meses de conversas preliminares, visitas à usina, due diligence e negociações.

A aquisição ainda precisa ser aprovada pelo Cade. O grupo projeta aportar R$ 19 bilhões na indústria de aço brasileira até 2024. No momento estão em curso investimentos de R$ 7,6 bilhões em expansão e modernização de unidades siderúrgicas que já opera no país.

“A decisão do investimento foi olhando para o longo prazo, mais de uma década à frente, por que acreditamos no aumento do consumo de aço no Brasil nos próximos anos. Abre também uma nova alternativa de expansão ao grupo, tanto para mercado interno quanto externo”, afirmou o CEO da ArcelorMittal em Aços Planos America do Sul, Jorge Oliveira, segundo o Valor Econômico.

Com longa carreira no setor siderúrgico, Oliveira assumiu o cargo em outubro do ano passo. A estratégia de crescimento já vinha sendo estudada com vários caminhos. A aquisição considerou futura instalação de hub de hidrogênio verde na área do Pecém, com uso para descarbonização.

Atualmente, a produção de aço bruto semi-acabado do grupo está centrada em Serra, no Espírito Santo, por meio da ArcelorMittal Tubarão, ao lado do porto de Vitória. O grupo conta com três altos-fornos e uma capacidade anual de 7,5 milhões de toneladas de placas. No local, a empresa faz também aços laminados para uso próprio e para clientes internos e da América do Sul.

A venda da CSP é o grande negócio no setor nesta década. Antes, outra produtora de placas, a Thyssenkrupp CSA, no Rio, foi vendida para o grupo Ternium. Também em 2017, a Arcelor Mittal adquiriu os ativos de aços longos da Votorantim Siderurgia no país. No entanto, o Cade exigiu a venda de duas usinas para que o negócio fosse aprovado. 

Com aquisição, ArcelorMittal entra no mercado nordestino

A compra da CSP faz a ArcelorMittal entrar no Nordeste. Suas operações, atualmente, estão centradas no Sudeste e em Santa Catarina. A CSP fica no complexo industrial e portuário do Pecém, onde há perspectivas futuras de oferta de hidrogênio verde e energia renovável, podendo inserir a usina na estratégia global de descarbonização do grupo.

CEO da ArcelorMittal, Aditya Mittal destaca que a aquisição envolveu um negócio moderno, eficiente, estabelecido e rentável, que irá melhorar ainda mais a posição no Brasil e agregar valor imediato à companhia. 

Em comunicado, Mittal destacou que há potencial para descarbonizar o ativo com a instalação de um “hub” de hidrogênio verde de baixo custo mais a geração de energia solar e eólica na região.

A venda da CSP, para a Vale, significou o fim de uma jornada de 60 anos de investimentos na fabricação de aço no Brasil, e até no exterior.

“É a primeira vez desde a década de 1960 que a Vale não tem nenhuma participação relevante em siderúrgicas”, afirma Germano Mendes de Paula, professor-doutor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e especialista na indústria do aço. 

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A mineradora informou que todo o valor da venda para a ArcelorMittal será utilizado para abater dívida líquida de US$ 2,3 bilhões da CSP. Além disso, ressaltou que a transação reforça a estratégia da empresa de simplificar o portfólio, com foco nos seus principais negócios, como minério de ferro, níquel e cobre.

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