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Avenue: corretora mira se tornar banco

Empresa está atenta à crescente demanda por investimento fora do Brasil

A Avenue, corretora com sede em Miami, que vendeu seu controle para o Itaú Unibanco no ano passado, está cada vez mais brasileiros investindo em dólar, agora planeja o próximo passo: se tornar um banco.

Após o acordo com o Itaú em julho de 2022, a Avenue Securities, que atende brasileiros de classe média investindo nos EUA, triplicou ao ativos que tem sob custódia para US$ 3 bilhões. 

Além disso, a carteira de clientes cresceu significativamente, aumentando em 63% para 800 mil investidores, após a divulgação do acordo com o Itaú.

O fundador e CEO da Avenue, Roberto Lee, destacou que estão “no caminho de nos tornarmos um banco, embora não tenhamos um prazo para fazer isso”. 

“Já estamos oferecendo contas correntes e cartões de débito para brasileiros viajando ao exterior, mas o plano é incluir mais serviços, como pagamentos e crédito”, afirmou Lee. 

Ativos em dólar mais atrativos

De maneira geral, os bancos brasileiros competem para atrair investidores de classe média interessados em alocar seus recursos nos EUA, apostando no contínuo interesse por ativos em dólar.

Nesse sentido, a Avenue anseia alcançar não apenas os viajantes, mas também clientes permanentes, incluindo criadores de conteúdo que são remunerados em dólar, como youtubers e designers de internet.

Isso porque vêem outros clientes em potencial são pessoas com imóveis nos EUA e que recebem aluguel no país, além daqueles com filhos estudando em instituições americanas e que precisam pagar contas.

Nesse sentido, o Bradesco, o segundo maior banco do Brasil em termos de valor de mercado, revelou uma parceria com o BCP Global, sediado em Miami, no final de 2021. Visando oferecer opções de investimento digital aos seus clientes, após o cancelamento de um acordo de aquisição do BAC Florida Bank dois anos antes.

Recentemente, a XP, a principal corretora de varejo para investidores, e o BTG Pactual também entraram no cenário, anunciando a oferta de contas em dólar, serviços de corretagem e oportunidades de investimento nos EUA, direcionados à classe média.

Parceiros

“A presença desses gigantes vai nos ajudar a resolver desafios regulatórios”, destaca o CEO da Avenue.

Planos de IPO

O Itaú concretizou a aquisição inicial de 35% da Avenue por R$ 653 milhões (US$ 133 milhões), com a perspectiva de adquirir uma participação adicional de 15,1% ao longo de dois anos, sujeito à aprovação do Banco Central do Brasil.

Agora, após um período de cinco anos, os fundadores da Avenue terão a opção de listar a empresa, e nesse momento, o Itaú terá a possibilidade de adquirir os 49,9% restantes.

Em relação ao IPO (oferta pública de ações) , o CEO da Avenue destacou que a ideia é  tentar fazer a abertura de capital da empresa em bolsa. “Um IPO permitiria que a companhia tivesse um impacto de longo prazo, e poderíamos seguir crescendo de forma acelerada”, afirmou Lee. 

Investimento no exterior

Inicialmente, a Avenue contou com a Vectis Partners Holding, que tem como sócio Paulo Lemann, como um de seus primeiros investidores, e a empresa ainda mantém uma participação na Avenue. 

Em agosto de 2021, a Avenue atraiu um investimento significativo de US$ 30 milhões durante sua segunda rodada de captação de recursos, liderada pelo fundo do SoftBank destinado à América Latina.

Desse modo, o Brasil está se encaminhando para uma alteração na maneira como os investimentos feitos por indivíduos no exterior são tributados. A mudança permitirá que os investidores compensem suas perdas e ganhos, substituindo o recolhimento mensal pelo recolhimento anual. Isso tem o potencial de simplificar o processo de investimento nos Estados Unidos para a classe média brasileira.

De acordo com Lee, com a taxa de juros em queda, enquanto a americana segue estável, o Brasil pode também estimular a migração para investimentos em dólar.

“Pelos próximos dez anos, o setor de investimentos brasileiro vai crescer mais na Brickell Avenue do que na Faria Lima”, destacou o CEO da Avenue, se referindo aos centros financeiros de Miami e de São Paulo, respectivamente.