A colaboração entre as instituições financeiras tradicionais, os famosos “bancões”, e as startups tecnológicas se deparam com algumas sinergias e obstáculos pelo caminho, como destacaram Willer Marcondes, sócio da PwC, e Duda Davidovic, Head de Inovação e Designer do Cartão Elo, durante a Febraban Tech 2024.
Os especialistas participaram do painel “Desafios e Oportunidades da Parceria entre Bancos e Fintechs”, onde compartilharam suas visões sobre o futuro do setor financeiro. Para Marcodes, os bancos podem extrair significativo valor dessas parcerias, e o mercado deve desmistificar que as fintechs são pequenas empresas com estruturas pouco profissionais.
“Cerca de 40% das fintechs são reguladas pelo Banco Central, e 8% estão aguardando licenças. A grande maioria já possui uma licença bancária pré-aprovada e 60% já passaram por rodadas de investimento,” explicou Marcondes.
O sócio da PwC também refutou a ideia de que fintechs não são lucrativas, destacando que 60% delas focam em soluções B2B e direcionam 52% de seus serviços para pequenas e médias empresas, setores reconhecidamente rentáveis. Outro mito desfeito foi a suposta clareza das fintechs sobre tecnologias emergentes.
“Apesar de sua capacidade de rápida adaptação, 75% das fintechs não participam de programas de aceleração e 87% não possuem patentes registradas,” observou Marcides. Isso, contudo, não impede que essas empresas explorem e tirem proveito das inovações rapidamente.
Enquanto isso, questionada sobre como a Elo está aproveitando o ecossistema fintech, Duda Davidovic afirmou que a empresa nasceu como uma fintech, e essa origem facilita a criação de parcerias estratégicas com startups, resultando em casos de sucesso como Carmed e Fini, Apple e Disney.
“Essa conexão exponencial com startups nos proporciona um poder de ecossistema muito grande,” disse Davidovic.
Marcondes complementou dizendo que a PwC tem realizado estudos sobre a transformação digital, evidenciando como as empresas estão evoluindo em sua capacidade de se conectar com o ecossistema fintech.
Inteligência Artificial e o Futuro dos Pagamentos dos ‘bancões’ e startups
Em discussão sobre o papel das IA (Inteligência Artifical) no setor financeiro, Davidovic disse acreditar que o mercado está apenas no começo de um “logo caminho de inovações”.
“A Inteligência Artifical está aqui para servir o consumidor, aprimorar processos e entregar uma jornada relevante ao cliente,” destacou Davidovic.
Marcondes acrescentou que a IA oferece um conjunto de soluções que pode ser adaptado a partir da Gen IA, mas também sublinhou a importância de considerar os aspectos regulatórios.
Caminho das Fintechs no Brasil
Por fim, Davidovic compartilhou suas expectativas sobre o futuro das fintechs no Brasil, enfatizando a necessidade de pagamentos transparentes e seguros.
“Estamos à beira de uma nova era de pagamentos, dentro de uma economia tokenizada, como o Drex,” afirmou.
O papel das fintechs na educação dos consumidores sobre essas novas tecnologias e a importância das carteiras digitais, que no futuro poderão ser usadas para todas as transações financeiras, são o grande destaque desse cenário, segundo Davidovic.
O painel concluiu que a colaboração entre bancos e fintechs é fundamental para o fortalecimento do setor financeiro e para a promoção da inclusão financeira, com grandes expectativas para inovações futuras que beneficiarão tanto empresas quanto consumidores.