Black Friday pode estar precificada no Ibovespa; entenda

Segundo especialistas, empresas varejistas precisam performar além das expectativas para que Black Friday movimente ativos

Nesta sexta-feira (25), a Black Friday mexerá com o comércio brasileiro – e do mundo. A data, não à toa, é esperada pelo setor varejista, já que o evento deve movimentar R$ 6,05 bilhões apenas no comércio eletrônico, segundo dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm). Então, com tamanha expressividade, a data pode ter influência na Bolsa? Entrevistados pelo BP Money, especialistas afirmam que a Black Friday pode estar precificada no Ibovespa, mas que empresas listadas devem ser impactadas. 

“É comum que investidores tentem antecipar o desempenho das empresas segundo eventos sazonais como Black Friday, Natal, Carnaval… Por isso, algum aumento das vendas durante o período de Black Friday já deve estar embutido na precificação das ações por parte dos investidores”, disse André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP.

Dessa forma, para Meirelles, o que realmente importa para influenciar no movimento de preço dos ativos é saber quais empresas performarão melhor ou pior do que a expectativa do mercado.

Ainda, para Marcus Labarthe, o mercado ficará atento às vendas para entender se os números terão influência no próximo balanço das empresas varejistas.

“Percebe-se que a concorrência vem diminuindo o spread – ou seja, o ganho – nas vendas. Então, tem que se vender muito para ter uma margem de lucro aceitável no final”, explicou ao BP Money.

Segundo Erik Sala, especialista em Investimentos da DVinvest, a Black Friday deve impactar principalmente o varejo, em empresas listadas na B3, Magazine Luiza (MGLU3) e Via (VIIA3).

“Por ser uma data tradicional para compras, e por estar perto do Natal, a data também colabora para um trimestre fiscal mais forte para essas empresas”, disse. 

As empresas citadas por Sala estão entre as marcas mais lembradas durante a Black Friday, de acordo com um estudo da SoluCX, empresa de pesquisa de satisfação. A Magalu fica em primeiro lugar no ranking, seguida por Americanas (AMER3). Na terceira posição está a Samsung e na quarta, as Casas Bahias, que se fundou com o Ponto e passou a se chamar Via Varejo. A Amazon (AMZO34), ficou com a quinta colocação.

O efeito Black Friday nas varejistas

Segundo Meirelles, o mercado costuma monitorar de perto o desempenho das varejistas durante a Black Friday. Por isso, uma varejista que conseguir vender mais e superar as expectativas, pode ter uma avaliação positiva dos investidores sobre seu modelo de gestão e sua capacidade de execução da estratégia de vendas, o que tende a gerar uma correção positiva no preço de suas ações. De maneira oposta, um resultado abaixo do esperado pode gerar uma correção negativa.

A proximidade com a Copa do Mundo também deve impactar o setor de forma positiva. Mesmo assim, a situação macroeconômica brasileira pode deixar datas importantes, como a Black Friday e até o Natal, como pano de fundo dos resultados das varejistas para o quarto trimestre.

“Quando olhamos todos os efeitos negativos de um juros alto, uma Black Friday se torna um efeito mais secundário”, explicou Sala.

Para Labarthe, o pensamento é parecido. Segundo ele, com a taxa de juros alta, via bolsa de valores, o mercado vem penalizando as empresas de varejo. Por outro lado, o analista explicou que as datas podem dar, sim, um gás nas vendas das varejistas, que é o setor mais impactado com a Black Friday.

Mesmo assim, Meirelles apontou que o desempenho das empresas no varejo também são um termômetro da economia a nível macro.

Nesse sentido, na visão do analista, a performance das varejistas na Black Friday “pode servir como um indicador do quão aquecida está a demanda no país e ajudar na projeção de inflação e juros pelos agentes de mercado”, disse. Com isso, pode influenciar a precificação de uma vasta gama de ativos financeiros.