Bombril (BOBR4) faz acordo milionário para fugir da crise

Companhia "está em seu melhor momento operacional", diz Ronnie Motta, presidente da Bombril

Apesar de ter recorrido a um empréstimo de R$ 300 milhões, o presidente da Bombril (BOBR4), Ronnie Motta, disse que a companhia “está em seu melhor momento operacional”. Ele também afirmou que a empresa teve faturamento recorde de R$ 2 bilhões em 2022 e está focada na rentabilidade.

“O maior problema da companhia era mesmo o custo das dívidas e os vencimentos, que foram resolvidos agora”, disse o executivo em entrevista ao Uol. “Estamos olhando com bastante critério nossas margens, melhorando nosso mix de venda, posicionando corretamente nosso produto na gôndola e negociando melhores condições com os fornecedores”, acrescentou o empresário.

Ouvido pelo Uol, o economista especialista em Varejo e professor da FGV, Roberto Kanter, acredita que o empréstimo dá fôlego à Bombril, mas ainda há muito a fazer. Na sua avaliação, a empresa trocou várias dívidas menores, prestes a vencer e com juros altos, por uma dívida mais longa, mas com condições melhores de pagamento. “Isso [o empréstimo] não vai fazer a Bombril sair do vermelho para o azul. O que vai fazer isso não é dinheiro, é gestão: é receita maior que despesa.”

Segundo ele, a companhia de produtos de limpeza precisa reestruturar o negócio e desenvolver novos canais de vendas para sair da crise. “O Bombril é ótimo, mas as pessoas não compram toda semana. Enquanto o mundo inteiro busca criar modelos digitais, a Bombril é muito analógica. Isso, talvez, seja um dos maiores entraves ao futuro da companhia”, avaliou.

 

O que aconteceu com a Bombril?

No início dos anos 2000, a Bombril tentou diversificar seu catálogo de produtos. A empresa chegou até a lançar uma linha de cosméticos, mas a iniciativa fracassou. Sem obter o retorno esperado com os lançamentos, a empresa se endividou e pediu recuperação judicial em 2003. A empresa saiu da fase de recuperação em 2006, mas continuou muito endividada.

Em 2013, a Bombril chegou a sumir das prateleiras dos mercados por falta de dinheiro para produção e transporte. No auge da crise, em 2015, as dívidas do grupo chegaram a quase R$ 900 milhões. Em 2017, após uma grande reestruturação, a companhia fechou o ano no azul. A empresa chegou a registrar resultados positivos em suas vendas nos últimos anos, mas não o bastante para superar a dívida acumulada nos anos de crise.

Atualmente, a Bombril tem dívida bruta de R$ 401 milhões, com juros em torno de 24% ao ano. A maior parte do montante (77%) vence em 12 meses. Foi por isso que a companhia precisou recorrer a um empréstimo de R$ 300 milhões para seguir na ativa.