A J&F, holding de investimentos da família Batista, dona da JBS (JBSS3), está avaliando fazer uma nova proposta para adquirir 100% da Braskem (BRKM5), segundo informações do “Valor Econômico”.
Nesta semana, representantes do sindicato de bancos credores da Novonor (ex-Odebrecht), que detém das ações da Braskem como garantia, se reuniram individualmente com executivos da gestora americana Apollo, BTG Pactual (BPAC11) e J&F para dar um retorno sobre a recusa pelas propostas apresentadas por eles.
BTG e J&F estavam dispostos a comprar a dívida dos bancos credores, que hoje soma cerca de R$ 15 bilhões, mas pediram pesados descontos. Já a Apollo fez uma oferta de R$ 45 por ação e estaria disposta a comprar 100% da companhia, mas colocou como condicionante a saída da Petrobras para concretizar a operação.
Os bancos não estão dispostos a conceder descontos no valor total das dívidas. No caso da Apollo, entendem que o valor de R$ 45 por ação e as condições impostas pela gestora também apresentam riscos.
Já Unipar e grupo Ultra, em parceria com a gestora Lumina, de Daniel Goldberg, correm por fora na disputa. Ambos fizeram proposta para a Novonor em um outro formato.
Enquanto a Unipar chegou a oferecer R$ 10 bilhões pelos ativos da petroquímica em São Paulo, o consórcio entre Ultra e Lumina propôs, há três meses, fazer um aporte de R$ 1,3 bilhão na companhia, entrando no bloco de controle junto com Novonor e Petrobras. Pela proposta, o consórcio chegaria a 51% de participação em cerca de três anos.
Os bancos credores (Banco do Brasil, BNDES, Bradesco, Itaú e Santander) não têm pressa para fechar o negócio – e não descartam dar novo “waiver” (perdão) para a Novonor para discutirem a melhor maneira de se fechar a venda da Braskem nos próximos meses, segundo à publicação.
A expectativa é de que, após as eleições, o mercado volte a melhorar e as ações da petroquímica se recuperem.
Segundo o Valor, a J&F irá rever a proposta e está disposta a comprar 100% da companhia. Aguinaldo Filho e Joesley Batista se reuniram pessoalmente com os envolvidos nas discussões com os bancos e estão empenhados em apresentar “uma oferta mais agressiva”.
Novonor não quer vender toda sua participação na Braskem
A Novonor ainda está resistente com a ideia de vender toda sua participação no negócio e demonstrou interesse de ficar como acionista minoritária na petroquímica.
Neste momento, não há nenhuma negociação avançada com os potenciais interessados, embora parte dos grupos, como Apollo e J&F, tenha pedido exclusividade nas conversas, que foi negada.
Ainda de acordo com à publicação, BNDES e Itaú teriam ficado interessados na proposta da Apollo, uma vez que a gestora não precisaria se financiar para bancar a oferta.
No entanto, os outros bancos credores ponderam que ficariam amarrados por até 18 meses, até que o acordo, que envolve minoritários, fosse concluído, e corriam o risco de o negócio não ser levado adiante por desistência do comprador, como ocorreu com a LyondellBasell em 2019.
No caso específico da J&F, os bancos públicos não estariam muito receptivos a fechar negócio com a família Batista, por conta da crise gerada no país, com os escândalos do “Joesley Day”. O litígio da holding na Eldorado, com a sócia Paper Excellence, também é considerado um ponto sensível.
Já no caso do BTG, além de pedir um pesado desconto, o banco teria pedido para financiar a compra pelos próximos sete anos. Apesar de o preço oferecido pela Unipar embutir prêmio considerável em relação ao valor de mercado da petroquímica, a venda fatiada é a que menos interessa no momento.
Os bancos credores pediram para que todos os interessados voltem com um proposta melhor, caso ainda estejam interessados no negócio. A expectativa é de que esses interessados retornem nas próximas semanas.
As ações da Braskem encerraram o pregão desta quinta-feira (1º) a R$ 30,43. No ano, a desvalorização é de 45%.