As ações da BRF (BRFS3) ganham destaque nas últimas semanas, não somente pela volatilidade dos papéis, mas também pela disparada das taxas de aluguel de ações.
Em relatório do último dia 11 de julho, a XP Investimentos havia destacado que a taxa de aluguel de BRFS3 havia disparado cerca de 58%, depois de 47,2 pontos percentuais (p.p.) na semana anterior. As ações alugadas representavam naquele momento 12,1% do free float (ações em circulação), muito acima da média recente. Já o Bradesco BBI destacou que, nesta semana, a taxa de aluguel estava em 32,40%.
Nesse tipo de operação de aluguel de ações, investidores que possuem papéis na sua carteira emprestam esses ativos a outros investidores, mediante a cobrança de uma taxa de “aluguel”. Assim, quanto mais alta a demanda pelo aluguel, mais alta é a taxa para essa operação.
Os “doadores” das ações costumam ser investidores com foco no longo prazo, que compram ações sem ter o interesse de se desfazer delas de imediato. Já os “tomadores” – quem pega as ações emprestado – precisam delas temporariamente, normalmente para realizar alguma estratégia específica no mercado. Ao colocar seus papéis para alugar, o investidor abre uma possibilidade adicional de ganho, por meio da taxa de aluguel cobrada do tomador. Com isso, consegue rentabilizar ainda mais seus ativos.
O Bradesco BBI sinaliza uma hipótese para essa disparada recente da taxa de aluguel de ações da BRF: a iminência das AGE (Assembleias Gerais Extraordinárias) da companhia e da Marfrig (MRFG3) para aprovar a fusão das empresas. As reuniões serão realizadas no dia 5 de agosto, após dois adiamentos.
Em situações de disputa societária ou reestruturações corporativas, investidores podem alugar ações para, temporariamente, aumentar seu poder de voto na AGE, o que deve sustentar a taxa de aluguel especialmente para BRF, neste caso.
Cabe ressaltar que, na última terça-feira (22) as companhias apresentaram ao CADE argumento de defesa ao recurso da Minerva contra a aprovação, sem restrições, da incorporação da BRF pela Marfrig.
Na manifestação, as empresas afirmam que a operação “não altera o controle já existente”, “não modifica as relações comerciais entre as partes” e “não representa qualquer risco concorrencial”.
A fusão entre a BRF e a Marfrig gera algumas controvérsias. No último dia 14, o Previ anunciou a venda da sua fatia na BRF por R$ 1,9 bilhão e apontou para os riscos da operação de união das companhias.
“A Previ entende que a relação de troca na fusão não reflete adequadamente o valor da BRF, o que poderia resultar em perdas para os acionistas minoritários e, consequentemente, para os associados”, avaliou.