A BRF (BRFS3) trocará de comando, Lorival Luz, CEO da companhia por três anos, renunciou ao cargo. A mudança é mais um desdobramento da chegada de Marcos Molina à posição de acionista controlador da dona da Sadia.
A BRF escolheu Miguel Gularte, atual CEO da Marfrig, para substituir Luz. Gularte é gaúcho, de Bagé, e veterinário, além de ser um experiente executivo.
Molina também precisou alterar a chefia da Marfrig para que todas as mudanças fossem possíveis. O executivo colocou Rui Mendonça como diretor-geral de industrializados. Mendonça irá liderar os negócios da Marfrig na América do Sul, nos EUA.
Muitos executivos acreditam que Sergio Rial, vice-presidente do conselho da BRF, poderia assumir o posto de Luz, porém o ex-CEO do Santander foi nomeado há menos de 15 dias para a Lojas Americanas.
Especulação da saída de Luz da BRF
A saída de Luz do posto de CEO sempre foi esperado, porém a mudança só ocorreu quando os resultados da companhia se recuperaram.
Para a BRF, que sempre se caracterizou pelas dúvidas constantes sobre a estratégia de longo prazo, a troca do CEO sinaliza que poucas vezes um acionista foi tão relevante quanto Molina.
Desde 2016 a dona da Sadia não paga dividendos, porém a empresa conseguiu superar os piores momentos que começou com a Operação Carne Fraca e a disputa entre Abilio e os fundos de pensão. Mas, nunca voltou a empolgar os investidores como nos tempos dourados da companhia.
Sob a gestão da dupla de Lorival Luz e Pedro Parente, a BRF conseguiu reduzir o endividamento, além de melhorar a gestão de custos, porém as despesas financeiras ainda pesam muito.
No Brasil, o maior desafio da Sadia e Perdigão é a concorrência inabalável da Seara. Os analistas Thiago Duarte e Henrique Brustolin, do BTG Pactual, destacaram um risco embutido na estratégia da BRF de segurar o caixa num momento em que a concorrência investe fortemente, em recente relatório.
Enquanto a tendência de margens de carne de frango é de recuperação, no negócio de carne bovina nos EUA (o principal da Marfrig), os sinais são de queda. Por isso, a BRF terá de gerar caixa sozinha para se virar sem a controladora até por uma questão de mercado.
No passado, houveram abordagens para uma fusão completa e até uma união dos negócios da Marfrig na América do Sul com a BRF, porém, o controle parece inegociável em qualquer hipótese. A Marfrig está avaliada em R$ 9,7 bilhões e a BRF, em R$ 17,7 bilhões.