A compra de 48% da Santos Brasil pela CMA CGM não deve enfrentar significativos obstáculos antitruste, segundo análise do BTG Pactual. O banco ressalta que, ao contrário de outras empresas de logística de destaque, a adquirente francesa não atua no Porto de Santos.
Para os analistas, essa situação reduz a probabilidade de o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) contestar a transação. Lucas Marquiori e Fernanda Recchia acreditam que a entrada da CMA no mercado de contêineres de Santos deve alterar a dinâmica do setor na região.
Eles apontam que já havia especulações sobre uma possível integração, uma vez que a operação da Santos Brasil inclui o maior terminal portuário independente do Porto de Santos, em um contexto de capacidade restrita.
Por outro lado, a escolha da CMA como compradora foi “um tanto surpreendente”, uma vez que outras empresas, como Maersk e MSC, eram vistas como favoritas por já atuarem na região.
“No entanto, o fato de ambos administrarem em conjunto o terminal BTP poderia ter criado problemas antitruste na aprovação de uma potencial oferta para Santos”, afirmam, destacando que isto não deve acontecer com a chegada da CMA.
Embora as ações tenham acumulado uma valorização de 40% ao longo do ano, o banco já esperava uma resposta positiva do mercado, enquanto os papéis dispararam 15% nesta segunda-feira. Os especialistas também prevêem a participação dos acionistas minoritários na oferta pública (tender offer) planejada para a transação.
Números da operação, segundo BTG
A Santos Brasil revelou no último domingo (22), que seu acionista principal, Opportunity, firmou um acordo para vender sua participação de 48% na empresa para a companhia de navegação francesa CMA CGM por aproximadamente R$ 13,2 bilhões (US$ 2,4 bilhões), o que equivale a R$ 15,30 por ação.
Esse valor representa um prêmio de 20% em relação ao preço de fechamento da última sexta-feira, que aumenta para 30% ao incluir os ajustes de preço acordados, conforme análise da equipe do BTG.
Os analistas calculam que a transação equivale a 12 vezes o valor da empresa em relação ao EBITDA dos últimos 12 meses, ou 8,6 vezes o valor da empresa em relação ao EBITDA projetado para 2025.
A CMA CGM também realizará uma oferta pública para adquirir todas as ações restantes sob as mesmas condições. O relatório ressalta que, por a Santos Brasil estar listada no Novo Mercado, o tag-along é obrigatório. No entanto, como a participação da Opportunity era inferior a 50%, a realização de uma oferta pública não era garantida.
Santos Brasil (STBP3): francesa vai adquirir 48% da empresa por R$ 6,3 bi
A gigante francesa do transporte marítimo CMA CGM fechou acordo para comprar 47,6% da Santos Brasil (STBP3) por R$ 6,3 bilhões, segundo a Reuters.
A CMA também lançará uma oferta pública de aquisição da participação remanescente, informou a operadora de terminais portuários no domingo (22).
Pelo acordo, a CMA CGM compraria cerca de 215 milhões de ações e quase 40 milhões de Global Depositary Receipts da Santos Brasil da empresa brasileira de investimentos Opportunity por R$ 15,30 cada, segundo fato relevante ao mercado.
O preço representa um prêmio de 20% sobre o preço de fechamento de R$ 12,71 das ações da Santos Brasil na sexta-feira (20).