A Superintendência Geral do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a compra da Amil pelo empresário José Seripieri Filho, mais conhecido como Junior, fundador da Qualicorp (QUAL3) e da QSaúde. A decisão foi publicada na edição desta quarta-feira (17) do Diário Oficial da União.
A aquisição da Amil por Seripieri, anunciada no fim do ano passado, foi aprovada sem restrições pelo Cade. Trata-se do maior negócio de fusão ou aquisição já feito entre uma empresa e uma única pessoa física no Brasil, totalizando R$ 11 bilhões.
Agora, resta o aval da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que pode ser concedido a qualquer momento.
Seripieri concordou em assumir todos os passivos, no Brasil, da United Health Group (UHG), dona da operadora de saúde. Essa era uma das condições estabelecidas pela empresa americana, que queria sair do país. A UHG tem R$ 9 bilhões em dívidas, tanto tributárias quanto de contingências provenientes de atendimento médico.
Dos R$ 11 bilhões da transação, Seripieri financiou R$ 2 bilhões junto aos bancos Santander, Bradesco, Bradesco BBI, BR Partners e BTG Pactual.
A compra da Amil marca o retorno de Junior ao setor de saúde. No início de sua trajetória profissional, ele trabalhou em diversos ramos, inclusive como feirante e escrivão de polícia. Também foi vendedor de planos de saúde da Golden Cross.
Em 1997, o empresário fundou a Qualicorp, que se transformaria em uma gigante do setor de saúde no país. Junior permaneceu na companhia até 2019, quando vendeu sua participação para a Rede D’Or.
Em 2020, o empresário fundou a QSaúde, que não repetiu o sucesso da Qualicorp e teve seu portfólio vendido para a healthcare Alice, em 2023.
Favorito desbancado
Antes de Júnior fechar o negócio, o fundo de investimentos americano Bain Capital parecia ser o mais forte candidato para a compra da Amil.
Segundo a colunista Míriam Leitão, do “O Globo”, fontes envolvidas na negociação disseram que havia propostas abaixo e acima dos R$ 10 bilhões desembolsados pela gigante americana ao adquirir, em 2012, a empresa da família Bueno, sua fundadora e atual controladora da Dasa, que teria sido uma das interessadas na aquisição, mas que já não estaria mais na disputa. Pessoas próximas ao negócio, dizem que agora o range do negócio está entre R$ 2 bilhões e R$ 4 bilhões.
A gigante de investimentos Bain Capital zerou sua posição na operadora de planos de saúde Hapvida (HAPV3), em agosto, com a venda de R$ 1,3 bilhão em ações em bloco na bolsa. Para a negociação com a Amil, a empresa contaria com Irlau Machado Filho, ex-presidente da NotreDame Intermédica, que deixou a Hapvida em maio deste ano.
A Amil que tem uma carteira de cerca de três milhões de usuários em planos médicos e pouco mais de dois milhões em odontológicos, 19 hospitais e 52 unidades de atendimento, como ambulatórios e centros de diagnóstico. Ainda está na negociação a Rede Americas que contabilizar 28 centros médicos e clínicas, sete centros de excelência e 12 hospitais.