Caixa pagou obras em mansão do ex-presidente Pedro Guimarães, acusado de assédio sexual

As intervenções foram realizadas no meio de 2020 por quatro funcionários de uma empresa que mantém contratos com a Caixa

A Caixa Econômica Federal pagou obras na mansão de Pedro Guimarães, agora ex-presidente, que mora em Brasília-DF. As intervenções foram realizadas no meio de 2020 por quatro funcionários de uma empresa que mantém contratos com o banco. 

De acordo com a Folha de S.Paulo, servidores da Caixa relataram que o custo foi de aproximadamente R$ 50 mil. Advogado de Guimarães, o criminalista José Luis Oliveira Lima confirmou a realização das obras e salientou que elas foram autorizadas pelo setor de segurança após supostas ameaças recebidas pelo ex-presidente do banco. 

O banco confirmou a informação e explicou que as obras foram feitas por questão de segurança do então presidente, e que as mesmas são previstas em normas internas. 

A publicação também conta que teve acesso a uma conversa por aplicativo de mensagens em que Simone Benevides de Pinho Lima, diretora executiva de Logística e Segurança da Caixa, autoriza o deslocamento dos funcionários da EMIBM para realizar o trabalho na casa de Guimarães. 

Benevides salienta que tudo foi feito “dentro do trâmite legal”, além de citar também a questão de segurança: “Foi na época da ameaça do auxílio emergencial, dos falsários, que publicaram a ameaça na internet”. 

Após a Polícia Federal abrir um inquérito para investigar o ataque hacker ao presidente, uma pessoa foi presa em setembro daquele ano. 

Um dos funcionários da empresa, o eletricista Francisco Adriano afirmou que foi uma benfeitoria da Caixa. Já o outro funcionário, Eliziário Filho, contou que foram 11 postes instalados. 

“Antigamente tinha uma cerca, retiraram a cerca e ela ficou aberta pro lago. Quem me contratou foi a EMIBM, nós prestamos serviços para ele. Para mim, nada com Caixa. Eu nem sabia que era da Caixa”, contou Eliziário. 

Já funcionários da própria Caixa disseram que Guimarães já havia tentado repassar para o banco uma outra despesa envolvendo o imóvel, mesmo antes da instalação dos postes de luz. 

Como a casa não tinha cerca para separá-la da orla do lago, Guimarães tentou passar a conta da instalação da estrutura para o banco, mas o setor responsável negou o pedido. Na época, ele não era comandado por Simone Benevides.

Guimarães deixou presidência da Caixa após acusações de assédio sexual

Guimarães está sendo investigado pelo Ministério Público Federal (MPF) por assédio sexual, segundo o portal “Metrópoles”. De acordo com o site, um grupo de funcionárias do gabinete da presidência da Caixa, no fim do ano passado, decidiram denunciar as situações pelas quais passaram. 

Pedro Guimarães oficializou o seu pedido de demissão da presidência da Caixa na última quarta-feira (29). Em carta entregue ao presidente Jair Bolsonaro (PL), Guimarães disse que “as acusações (de assédio) não são verdadeiras”.

Quem assumiu o cargo foi Daniella Marques. A nova presidente afirmou que o chefe de gabinete do ex-presidente Pedro Guimarães e mais cinco consultores estratégicos vinculados à presidência da Caixa foram afastados de seus cargos.