A Casas Bahia vai inaugurar nesta sexta-feira (19) uma loja de 9.000 metros quadrados na marginal Tietê, em São Paulo, que deverá funcionar como um laboratório para outros pontos físicos da marca.
A rede de varejo faz parte da Via, que tem também as lojas Ponto -antiga Pontofrio, marca à qual anteriormente pertencia o espaço de vendas.
A área, no bairro da Água Branca (zona oeste), tem experiências para o consumidor, como uma área para jogos de computador, um pequeno cinema e cabine para selfie, além de locais para testar produtos, como bicicletas e fones de ouvido.
Há também “lojas dentro da loja”, espaços das marcas Wine, de vinhos, Soneda, de produtos de beleza, e um café da Casa Bauducco.
Na área da Soneda, por exemplo, será possível comprar uma tinta para cabelos e pintá-los no local, de forma gratuita, em um salão montado no espaço.
A loja é bem maior do que o usual para as Casas Bahia. De acordo com Marcelo Ubriaco, diretor de operações, em cidades grandes é comum lojas com 2.000 metros quadrados, que diminuem para até 500 metros quadrados em municípios pequenos.
O comportamento do consumidor na megaloja será acompanhado por câmeras, para entender quais áreas atraem mais clientes e por quanto tempo.
“Toda a questão da LGPD [Lei Geral de Proteção de Dados] será respeitada. Não pegamos a face de ninguém, pegamos mapa de calor de concentração, onde os clientes estão se concentrando mais”, afirma Roberto Fulcherberguer, presidente da Via.
No terceiro trimestre do ano, 60% das vendas da Via passaram pela internet, e a loja foi pensada para aproveitar esse fluxo, de forma “figital”, misturando conceitos das vendas físicas e digitais.
Etiquetas com QR codes nos itens à venda direcionam o consumidor para o site das Casas Bahia, e os vendedores, ao atender os clientes nas lojas, captam o contato do consumidor para manter a conversa e fazer acompanhamento da compra pelo WhatsApp.
Também será possível finalizar a compra diretamente com os vendedores, sem ir ao caixa, já que eles andarão com máquinas de cartão de crédito.
Ao se conectar à rede wifi, a empresa vai reconhecer o cliente que está na loja e oferecer produtos que ele chegou a pesquisar no site, mas não concluiu a compra.
Também por QR code, o cliente consegue acessar um mapa virtual com GPS, que orienta a navegação pela loja física.
Há um armário automático que funciona como ponto de retirada de produtos comprados pela internet. Segundo Ubriaco, a ideia é utilizá-lo também como ponto de entrega de itens de outras empresas e para logística reversa, como no caso de trocas.
Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo no início do mês, Fulcherberguer afirmou que este é o ano do marketplace para a empresa. A Via, que no começo de 2021 tinha 10 mil pequenos varejistas, chamados de sellers, agora passou de 100 mil. A loja vai testar formas de introduzir os produtos desses varejistas no meio físico da marca.
A loja da marginal Tietê será inaugurada com produtos de dez sellers, e a estratégia é acompanhar as vendas para ver quais itens têm maior identificação com o cliente e merecem continuar expostos. O número de sellers também pode aumentar.
“É um laboratório, vamos pegar boas experiências dessa loja e replicar nas mais de mil lojas que nós temos”, afirma o presidente.
A data da inauguração foi prevista para anteceder a Black Friday, que acontece no próximo dia 26.
A CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo) prevê uma queda de 6,5% nas vendas do varejo na data, a primeira diminuição em cinco anos. Fulcherberguer, porém, afirma estar otimista com o evento.
“A companhia inteira se preparou para a Black Friday, 100% das nossas lojas são hub logístico de última milha, estamos infinitamente melhor preparados em termos de logística do que um ano atrás”, diz Fulcherberguer.
O espaço ficará aberto 24 horas na data –será a única loja da Via a fazer isso.
A inflação pode reduzir o tamanho dos descontos concedidos, mas o executivo afirma que, apesar do preço dos produtos estar mais alto, os descontos serão proporcionalmente similares aos praticados na Black Friday em anos anteriores.
O crediário da marca, que permite o parcelamento de compras sem cartão de crédito, é uma vantagem diante do aumento dos preços, afirma. “Se pegar a inflação no preço do produto, muda poucos reais na parcela”, diz.
A Via não revela o valor investido na nova loja, que tem 300 funcionários. “Achamos que vai virar ponto turístico em São Paulo”, diz Fulcherberguer.
A companhia, que fechou cem pontos de venda entre 2020 e o primeiro trimestre deste ano, planeja terminar 2021 com 110 novas lojas, 50 delas ainda devem ser inauguradas até dezembro.