A Cemig (CMIG4), fundada no ano de 1952 em Minas Gerais, se expandiu para outros estados do Brasil na década de 1990 e, atualmente, volta às suas origens, está se desfazendo de negócios fora do Estado e apostando no território mineiro.
“Queremos voltar a ser uma indutora do crescimento de Minas”, afirma Reynaldo Passanezi, presidente da empresa de energia elétrica que tem o maior programa de investimento da história, de R$ 22,5 bilhões até 2025.
Passanezi fez um amplo ajuste nas contas e estruturas da estatal para retomar o processo de investimentos, tendo como ponto de partida definir três pilares: ser eficiente, cumprir a política de dividendos e se desfazer de ativos fora da estratégia da empresa.
A empresa decidiu unir algumas unidades da Cemig num único prédio, o que diminuiu as despesas em R$ 40 milhões. “Tínhamos 100 pessoas disponíveis para a diretoria, como garçons e motoristas. Hoje estamos com apenas 10. Quando vamos somando essas coisas, o resultado é impressionante”, afirma Passanezi.
Os ajustes somam uma economia de cerca de R$ 1 bilhão por ano, o que permitiu, pela primeira vez na história, o equilíbrio operacional da estatal. A receita líquida no 1S22 cresceu 11%, para R$ 16 bilhões. Já o lucro caiu para R$ 1,5 bilhão, por conta da decisão de fazer provisões referente à devolução de créditos tributários.
Nova política da Cemig (CMIG4)
A companhia tem o objetivo de se desfazer de negócios minoritários fora de Minas Gerais que não deram certo e focar nas oportunidades dentro do Estado. Um dos principais programas de investimento é a construção de 200 novas subestações, elevando de 415 para 615 unidades, com o objetivo de trazer novas indústrias para o Estado, já que, no passado, uma das maiores críticas do setor produtivo local era a falta de capacidade para atender à demanda de novos negócios.
Os investimentos deverão somar, em geração, cerca de R$ 5 bilhões em 1,5 GW de potência em fontes renováveis, como solar e eólica. “Em todos os investimentos, queremos ter o controle do negócio, pois a experiência da Cemig com participações minoritárias não foi exitosa.”
Os investimentos devem ser feitos com caixa ou valor conseguido com a venda de ativos. Atualmente, a Cemig possui uma dívida líquida de R$ 7,2 bilhões. Em 2024, a empresa terá de quitar ou renegociar cerca de US$ 1 bilhão.
Segundo a agência de classificação de risco Fitch Rating, a diversificação da empresa dilui os riscos de negócios e regulatórios e, além disso, destaca que a redução de despesas que vem sendo feita na Cemig vai resultar numa melhora dos índices financeiros deste ano.