Poucos sabem, mas, na teoria, a comercialização de qualquer dispositivo eletrônico para fumar (DEF) é proibido no Brasil. Na prática, os brasileiros conseguem comprar tanto os vapes (nome popular dos dispositivos) quanto as essências (ou juices) tranquilamente como compram um cigarro comum.
Segundo a Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) do Ministério da Saúde, a estimativa da proporção de cigarros ilegais consumidos no Brasil em 2017 foi de 38,5% do consumo total de cigarro e esse dado tem crescido a cada vez mais.
Uma pesquisa do Programa Nacional de Tabagismo do SUS revelou que 30% dos fumantes menores de 30 anos já experimentaram o vape alguma vez, indicando a propensão também dos brasileiros em aderir ao hábito.
Mas se é proibido, por que tem se tornado tão popular?
No Brasil, o ato de fumar já não é mais comum como em outros países europeus, por exemplo. Quando o brasileiro descobriu o cigarro eletrônico, com sabores atraentes, sem cheiro e podendo usar em qualquer lugar, associou a algo mais saudável, moderno e descolado, sendo utilizado até por pessoas que querem parar de fumar, como uma forma de ajuda.
No entanto, de acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), não há nada que comprove a contribuição dos cigarros eletrônicos para interromper o vício de fumantes, e ainda justifica que não existem estudos que comprovem a segurança na utilização dos mesmos.
Apesar do aumento de usuários de DEFs, o percentual de adultos fumantes no Brasil vem apresentando uma queda nas últimas décadas. Em 1989, 34,8% da população acima de 18 anos era fumante, segundo dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição (PNSN).
Para 2003, uma queda expressiva nesses números foi observada quando na Pesquisa Mundial de Saúde (PMS) o percentual foi de 22,4 %. Já em 2008, segundo a Pesquisa Especial sobre Tabagismo (Petab), este percentual era de 18,5%.
Sobre dados mais recentes, em 2019, a Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) aponta que o percentual total de adultos fumantes no país era de 12,6%.
Entre os períodos de 1989 a 2010, a queda de fumantes brasileiros foi de 46%, sendo uma das principais responsáveis às incisivas de Políticas de Controle do Tabagismo implementadas, com cerca de 420.000 mortes evitadas durante o período (PLOS Medicine, 2012).