Nubank (NUBR33) teme juros limitados e concorrência na Colômbia e no México

Com operações internacionais sujeitas a ampla regulamentação, banco digital precisará investir forte para enfrentar desafios, segundo analistas

O mercado latino-americano de serviços financeiros se tornou cada vez mais competitivo nos últimos anos, seja pela abertura de novas fintechs ou pelo oferecimento de novos produtos pelos “bancões”. Além da ampla concorrência no cenário nacional e internacional, o Nubank (NUBR33), que está entre os bancos mais valiosos da América Latina, teme os juros controlados nos mercados em que pretende expandir suas operações.

De acordo com analistas consultados pelo BP Money, o plano de expansão internacional do neobanco deverá ser revisto e os investimentos deverão continuar para que o Nubank possa enfrentar os diferentes desafios de cada território com uma certa gordura para queimar.

“Hoje o Nubank precisa garantir um bom crescimento até que algo mude lá fora também. Claro que não tem como prever isso, não tem como driblar uma regulamentação bancária tão facilmente, então é mais fácil acelerar o crescimento desde já”, disse Danielle Lopes, sócia e analista da Nord Research. 

O Nubank chegou aos mercados internacionais, como Colômbia e México, com o intuito de oferecer acesso fácil ao crédito e a uma conta bancária digital e descomplicada. O problema, entretanto, é que algumas mudanças em leis e regulamentações desses países podem afetar diretamente o banco. 

“Na Colômbia, nosso produto de cartão de crédito é oferecido por uma entidade comercial que está sujeita a extensa regulamentação, incluindo as normas que regem a proteção ao consumidor e a proteção de dados. Além disso, as taxas de juros na Colômbia são limitadas, conforme previsto nos Códigos Comercial e Criminal da Colômbia”, informou o banco em relatório divulgado recentemente.

Segundo Lopes, enquanto existir espaço para o crescimento do Nubank no Brasil, sem maiores alterações na regulamentação de fintechs, o banco deve investir muito mais forte para começar a equilibrar a receita no Brasil com o restante da América Latina.

“O tamanho endereçável de mercado que eles (Nubank) têm possibilidade de atingir é grande, mas tem que ver se isso é sustentável. Por enquanto, o Nubank, na minha visão, não mudou sua estratégia. Ele está atacando campos de batalha que não tem concorrentes. Pegou o Brasil muito lá atrás, quando estava desbravando esse mercado de taxa zero para conta-corrente, tarifas de cartão, e está usando esse poder disruptivo, agora, nos países vizinhos, olhando para América Latina que está atrasada em sistema de pagamento e acesso ao crédito”, pontuou a analista. 

Para o analista Matheus Jaconeli, da Nova Futura Investimentos, o Nubank pode se diferenciar explorando as principais demandas desses países.

“Um ponto interessante é o de que são economias que podem atrair investimentos, o que pode gerar alta da renda da população e gerar a demanda por serviços personalizados de planejamento financeiro, uma linha de negócio que pode ser explorada além das plataformas digitais. Também há espaço para serviços de corretagem e distribuição de valores mobiliários e a companhia pode usar esse braço”, disse Jaconeli. 

Expansão dos investimentos internacionais do Nubank

Fundado em 2013, o Nubank iniciou suas operações no Brasil em 2014, indo para o México em 2019 e chegando à Colômbia em 2020. Neste mês, o banco do cartão roxinho anunciou que tomou uma linha de crédito de US$ 650 milhões para expandir suas operações no México e na Colômbia.

Mesmo com a concorrência enfrentada pelo banco nos segmentos de crédito ao consumidor, investimentos, pagamentos, seguros e a possibilidade de ter de adaptar seus negócios a novas regulamentações no México e na Colômbia, o Nubank tem crescido nestes mercados e, segundo a analista Danielle Lopes, investir lá fora pode ser uma oportunidade para o banco. 

“Nos dois países, estão crescendo de duas a três vezes mais os resultados das operações do banco. É pequeno dentro do resultado, mas é uma aposta mais válida diante das modificações que estão acontecendo no Brasil”, disse Lopes.

Recentemente, o Banco Central informou que as instituições de pagamento terão regras proporcionais ao seu porte e à sua complexidade, o que acabou deixando as fintechs em alerta.

Se por um lado os analistas acreditam que o banco pode crescer nos outros países em que atua, por outro eles destacam que o Nubank ainda precisa resolver um grande gargalo: o da monetização de sua base de clientes.

“Talvez a estratégia do Nubank seja povoar o máximo possível nesses países para crescer em número de clientes, mas isso não resolve ainda o maior problema deles, que é monetizar a base. Isso nem é um risco para o investidor, é um risco para a própria empresa”, finalizou Lopes. 

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