Como Denilson deve investir os R$ 7 milhões que vai receber de Belo?

Especialistas dão dicas para o ex-jogador

Depois de mais de 20 anos de uma intensa batalha judicial, o ex-jogador e comentarista Denílson vai finalmente receber os R$ 7 milhões da dívida do cantor Belo. O imbróglio entre os dois teve origem em 1999. Naquele ano, o então jogador comprou os direitos da banda Soweto, da qual Belo era vocalista, por aproximadamente R$ 1 milhão. Um ano depois, o músico deixou o grupo para seguir carreira solo.

Denilson, então, abriu um processo, alegando quebra de contrato. Em 2004, a Justiça deu vitória para o ex-jogador e condenou Belo a pagar R$ 388 mil na época. Com as correções monetárias, o valor ultrapassaria hoje os R$ 7 milhões.

O assunto movimentou as redes sociais, após a notícia de que músico teria quitado a dívida. Denilson, entretanto, negou que o processo tenha se encerrado. Por outro lado, declarou “que ambas as partes estão empenhadas em encontrar uma solução” para o caso.

O site Inteligência Financeira pediu, e especialistas deram dicas sobre como o ex-craque deve investir o valor recebido pelo pagodeiro. Confira as sugestões:

Por onde Denilson deve começar

Seja com os R$ 7 milhões de Denilson, seja com menos dinheiro que pingue na sua conta, Wanessa Guimarães, sócia da HCI Invest e planejadora financeira CFP pela Planejar, destaca a importância da diversificação, independente da questão do perfil de risco. A dica vale também para você e para Belo, que vive um ótimo momento na carreira.

“Quando o investidor tem ativos descorrelacionados, caso ocorra uma mudança de rota expressiva no cenário econômico, ele acaba protegido. Isso porque parte de seu patrimônio vai gerar um determinado retorno, enquanto outra parte não vai muito bem. Além disso, vai garantir a possibilidade de fazer uma revisão de carteira para mudar a rota rapidamente”, pontua Wanessa.

A planejadora financeira afirma também que é preciso ser orientado por um profissional certificado e manter os seus recursos investidos em uma instituição financeira sólida.

De acordo com ela, é comum ver no mercado muitas pessoas querendo oferecer serviços para pessoas que recebem um capital muito elevado e querem investir. Pode ser o caso de Denilson, afinal, muita gente está acompanhando a treta com Belo. Nesse sentido, Wanessa recomenda “tomar muito cuidado com quem está do seu lado te orientando; na dúvida, consulte se o profissional é certificado”.

Objetivos de curto, médio e longo prazos

O primeiro passo na hora de investir um valor da ordem de R$ 7 milhões – e até menos – é entender quais são os objetivos de curto, médio e longo prazos, de acordo com Carlos Castro, planejador financeiro CFP e sócio-fundador da SuperRico – Projetos de Vida. Num curto prazo, considera-se até dois anos (reserva de emergência, viagem programada etc); no médio prazo, aqueles projetos que serão realizados entre dois e cinco anos; e no longo prazo, objetivos para mais de cinco anos, entre eles, liberdade e independência financeira.

Castro salienta que, para que o objetivo não seja apenas um desejo, ele tem que ser mensurável em termos de prazo e também de valor. Nesse sentido, Wanessa Guimarães explica que os investimentos para um curto período de tempo precisam ser mais conservadores. Já no médio e longo prazo, pode-se agregar um pouco mais de risco, pensando nos perfis moderado e agressivo.

Definição de perfil

Com os objetivos em mente, o segundo passo para Denilson – Belo e qualquer pessoa que deseja aplicar qualquer valor – é descobrir o perfil do investidor. É isso que vai determinar como alocar o dinheiro. De acordo com Carlos Castro, a diversificação ocorrerá a partir dessa definição.

“Quanto mais conservador você for, a alocação será maior em renda fixa pós, o que significa que o risco de mercado é menor. Quanto mais agressivo for o perfil do investidor, você vai alocar em ativos que tem uma volatividade maior”, afirma o planejador financeiro.

Castro salienta que volatividade não é um problema: “A questão é só sabe lidar com ela. Menos volatividade, você tem um potencial de retorno menor; mais volatilidade , você tem um potencial de retorno maior”.

Quais produtos escolher?

Por fim, para finalmente alocar a bolada que receberá de Belo, Denilson terá de escolher os produtos para aplicar os R$ 7 milhões. E você deve seguir este mesmo raciocínio. De acordo com Carlos Castro, “o último passo é fazer a escolha dos veículos que vão compor as classes de ativos, que estão vinculadas ao perfil de investidor, e determinar o prazo de duração de cada aplicação, que vai depender dos objetivos do ex-jogador”.

Seguindo essa linha, com certeza Denilson vai conseguir fazer com que esses R$ 7 milhões que vai receber de Belo cresçam, principalmente acima da inflação. E essa deve ser sua meta também. “O objetivo de investir é de fato ganhar poder de compra frente à inflação, sem que se tenha grandes sustos, respeitando o perfil do investidor”, resume Castro.

“Na renda fixa pós-fixada a gente tem CDBs, Tesouro Selic . Na renda fixa inflação tem o Tesouro IPCA e fundos de investimento que acompanham índices de inflação. Em multimercados, temos os fundos multimercados”, exemplifica Carlos Castro.

Em renda variável , há uma gama de alternativas. Quando se fala em bolsa , pode-se investir diretamente em ações , sejam elas setoriais ou através de fundos de ações, de acordo com o planejador financeiro. Por fim, destaca ele, “quando a gente vai para os alternativos, temos investimentos que podem ser feitos em FIPs (fundos de investimento em participações), como fundos de private equity, e investimentos no exterior“.

Sugestões de alocação de acordo com o perfil

Dado o cenário econômico atual, com a expectativa de que a Selic comece a cair, confira a seguir a recomendação de alocação para Denilson. As dicas valem também para qualquer pessoa que tenha R$ 7 milhões para investir.

Perfil conservador

Carlos Castro, da SuperRico, recomenda, para quem tem um perfil conservador, alocar os R$ 7 milhões em renda fixa pós-fixado (70%), 20% em renda fixa inflação e 10% em multimercado.

Na avaliação de Wanessa Guimarães, o ponto principal de um perfil conservador é a preservação de capital. Nesse sentido, ela indica “adotar uma estratégia de baixo risco, com investimentos de renda fixa ou título públicos, sem muitos malabarismos; o mais adequado seria trabalhar com CDBs, LCIs, LCAs, Tesouro Direto  ou até mesmo fundos DI e fundos de renda fixa”.

O que pode ser feito dentro dessa estratégia, de acordo com a planejadora financeira, é trabalhar numa visão de prazo.

“Quando a gente compara um CDB  de liquidez  com um CDB de quatro a sete anos, percebe-se que a estrutura de rentabilidade é totalmente diferenciada. Com um CDB liquidez, você consegue uma taxa 101% do CDI, ao passo que, dependendo do tempo que você tenha para investir, você consegue 116% a 118% do CDI em ativos que são garantidos pelo FGC , mantendo o limite de até R$ 250 mil”, exemplifica ela.

Perfil moderado

Para aquele que tem perfil moderado, a recomendação de Castro é alocar os R$ 7 milhões em renda fixa pós-fixado (35%), em renda fixa inflação (20%), em multimercado (20%), em renda variável (12,5%) e em alternativos (12,5%”), como investimentos no exterior.

“O investidor moderado almeja proteger parte do capital investido; porém, em uma outra fatia do investimento, ele tem por objetivo buscar um retorno diferenciado. Então ele arrisca parte do patrimônio, ou seja, ele investe em ativos de maior volatilidade. Do retorno total de seu patrimônio, ele busca uma multiplicação maior, um retorno maior perante os investimentos, equilibrando risco-retorno”, explica Wanessa Guimarães.

Boa diversificação de carteira

Posto isso, outro ponto importante a se levar em consideração, de acordo com a planejadora financeira, é que um volume de R$ 7 milhões permite uma boa diversificação de carteira.

“Quando a gente fala de investimentos muito baixos, é um grande desafio conseguir diversificar, não só pelo valor mínimo dos investimentos de entrada, mas até mesmo pela estrutura do investimento”, diz ela.

Sendo assim, R$ 7 milhões permitem ao investidor moderado agregar um determinado percentual de alocação nas principais classes de ativos: fundos de investimento, de ações, multimercados, renda fixa.

“Ele pode buscar ações de empresas consolidadas e empresas que estejam com baixo endividamento, principalmente considerando o cenário econômico que se desenha nos próximos meses, não só no Brasil, mas em nível global. E também montar uma carteira de fundos imobiliários, que vai garantir a esse investidor uma renda passiva de longo prazo livre de impostos, tendo em vista que os dividendos  são livres de Imposto de Renda”, explica Wanessa.

Além dos ativos de renda fixa recomendados para o investidor conservador, ela indica ainda, para o perfil moderado, os fundos do agronegócio, os Fiagros, e também os fundo de infraestrutura, que têm uma estrutura tributária muito similar ao fundo imobiliário.

“E, acima disso, ele pode ter na sua estrutura ativos de de crédito privado, ou seja, certificados de recebíveis de imóveis do mercado imobiliário e do agronegócio, e debêntures. Alguns desses ativos têm benefícios tributários: são isentos de IR e podem garantir ao investidor uma rentabilidade interessante”, completa ela.

Perfil arrojado ou agressivo

Já para os mais agressivos, a recomendação de Carlos Castro é alocar 12,5% dos R$ 7 milhões em renda fixa pós-fixado, 20% em renda fixa inflação, 25% em multimercado, 20% em renda variável e 22,5% em alternativos.

De acordo com Wanessa, o investidor arrojado busca assumir um risco mais elevado visando um retorno expressivo e tende a adotar uma estratégia mais agressiva, que envolve mais volatilidade  em sua carteira.

“A grande vantagem de um investidor de R$ 7 milhões é que ele consegue facilmente diversificar uma carteira, não só em classe de ativos, mas também em setores. E agregando todas as classes de ativos relacionadas aos investidores conservadores e moderados, soma-se ao perfil arrojado a possibilidade de investir em startups, modalidade que vem sendo muito procurada aqui no Brasil”, afirma a planejadora financeira.

Trata-se, de acordo com ela, de uma opção que proporciona retornos significativos, mas que tem, por outro lado, um risco considerável. Sendo assim, exige-se uma análise minuciosa dos projetos, além de profissionais especializados para entender se faz sentido ou não o risco.

Por fim, Wanessa destaca que, se Denilson tiver um perfil arrojado, ele também pode “agregar investimentos no mercado internacional, pensando em questões geográficas”, alocando os R$ 7 milhões em ações de empresas estrangeiras, fundos de investimentos globais ou até mesmo em imóveis em outros países.

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