A CVM (Comissão de Valores Mobiliários) iniciou um processo de investigação sobre um suposto “insider trading” (negociação de valores mobiliários baseada no conhecimento de informações relevantes que ainda não são de conhecimento público), em investimentos ligados ao bilionário Nelson Tanure.
De acordo com documentos da CVM, as suspeitas estão relacionadas ao processo de compra da empresa de laboratórios Alliar (AALR3) por parte de Tanure. As informações foram levantadas pela “Reuters”.
No atual estágio da investigação, a Comissão está analisando todas as vendas de ações controladas por Tanure que podem ter feito uso de informações não públicas durante o processo de aquisição da Alliar.
O empresário brasileiro propôs a compra da companhia de laboratórios em novembro de 2021, e concluiu o negócio no dia 14 de abril deste ano.
Assessores do bilionário foram questionados pela “Reuters”, e alegaram que nem os advogados de Tanure, e nem os controladores da Alliar receberam notificações sobre uma possível investigação de vazamento de dados não conhecidos publicamente.
A matéria também mostrou que analistas da própria CVM constataram que caso os derivativos da companhia fossem expostos, as ações cairiam.
O gerente da Comissão, Marco Antonio Papera Monteiro, afirmou que o recomendado é aprofundar a análise para entender a “profundidade e extensão dos delitos, no entender deste analista, cometidos pelos reclamados”.
Suspeita de Insider Trading não é a primeira investigação da CVM contra Tanure
A atual investigação segue em sigilo, sob o número 19957.009891/2021-21 na Superintendência de Relações com o Mercado, de acordo com os documentos vistos pela “Reuters”, porém, não é a primeira feita contra Tanure.
O bilionário, que alcançou sucesso ao comprar grandes empresas como a PetroRio (PRIO3), já foi multado por abuso de controle pela CVM. O órgão, inclusive, já abriu investigações contra outras grandes petroleiras.
Além disso, Tanure também foi multado em R$ 130 milhões por abuso de controle no estaleiro Verolme no ano de 2019. Na ocasião, a multa foi por transações que significaram a transferência de recursos do estaleiro para empresas ligadas ao empresário.
A penalidade da CVM ainda foi reduzida em 85%, para R$ 16,2 milhões, após o uso de um recurso pelo Conselho de Recursos do Sistema Financeiro Nacional.