Dona da Casas Bahia, Via (VIIA3) tem prejuízo milionário no 4T22

Resultado ruim da Via já era esperado por analistas

 

A Via (VIIA3), dona das marcas Casas Bahia e Ponto, anunciou o resultado do quarto trimestre de 2022 na noite desta quinta-feira (9). A companhia reportou prejuízo líquido de R$ 163 milhões, ante lucro de R$ 29 milhões no mesmo período de 2021.

O prejuízo líquido operacional atingiu R$ 65 milhões, contra lucro de R$ 125 milhões dos últimos três meses de 2021. Com isso, a Via terminou 2022 com um prejuízo líquido contábil acumulado de R$ 342 milhões, com margem líquida negativa de 1,1%. O prejuízo líquido operacional para o período foi de R$ 98 milhões.

A receita bruta consolidada (lojas físicas e online) do quarto trimestre cresceu 9% no comparativo anual, totalizando R$ 10,4 bilhões. A linha foi impulsionada pela receita das lojas físicas, que avançou 18,2%. A Via destaca que, na receita do segmento físico, houve alocação de R$ 350 milhões da renovação da parceria com o Bradesco nos cartões co-branded.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado do quarto trimestre totalizou R$ 629 milhões, redução de 1,9% no comparativo anual. A margem Ebitda ajustada recuou 0,8 ponto percentual, a 7,1%.

No acumulado do ano, o Ebitda ajustado saltou 74,1%, de R$ 1,36 bilhão a R$ 2,38 bilhões, com a margem subindo 3,3 pontos percentuais, a 7,7%. A companhia destaca que houve ajustes não recorrentes relacionados à atualização dos processos trabalhistas, no valor de R$ 336 milhões, em 2022. Dessa forma, o Ebitda ajustado operacional somou R$ 2,71 bilhões, alta de 10% ante 2021.

Resultado ruim já era esperado

Analistas consultados pelo BP Money já projetavam um resultado ruim da Via no período, apesar de existir certa expectativa entre os investidores, por conta dos eventos da Black Friday e da Copa do Mundo do Catar.

Nayara Mota, fundadora da Who is Missing?, empresa de implementação de diversidade e inclusão no ambiente corporativo, explica que o cenário econômico atual brasileiro – taxa de juros em 13,75% e inflação alta – dificultou a vida das companhias de varejo no final de 2022, com suas margens de lucro sendo cada vez mais pressionadas.

“No final de 2022, tivemos uma Black Friday morna, sem muitas promoções e oportunidades para o consumidor. Podemos dizer que isso foi devido ao aumento da inflação e da taxa de juros, tanto no Brasil quanto nos EUA, e como consequência, o Índice de Consumo do brasileiro caiu 9,8%. Logo, podemos esperar uma neutralidade dos resultados da Via e da Magalu, sem muitas surpresas”, disse Mota.

Em um cenário de juros altos e inflação galopante, é preciso haver cautela com as varejistas. Na visão de Lucas Lima, analista da VG Research, não será dessa vez que Via e Magalu irão apresentar um balanço financeiro positivo. Apesar disso, o especialista acredita que ambas reportem um crescimento do GMV (Volume Bruto de Mercadoria) por conta da Copa do Mundo de 2022.

“A gente ainda permanece cauteloso com as varejistas de e-commerce, visto que é um setor que depende diretamente dos níveis de inflação e taxa de juros. No quarto trimestre de 2022, esperamos que tanto o Magazine Luiza quanto a Via apresentem um resultado negativo”, afirmou o analista da VG Research.

“As companhias ainda devem apresentar crescimento no GMV tanto na comparação anual quanto na trimestral, beneficiado pelo evento da Copa do Mundo que impulsionou a demanda por alguns bens”, completou.