
O empresário francês Alexandre Allard entrou em uma disputa judicial com seus sócios chineses, acusando-os de espionagem e usurpação de direitos autorais sobre o projeto arquitetônico do hotel de luxo Rosewood, localizado no centro de São Paulo.
A disputa, que envolve também a tentativa de diluição de sua participação no empreendimento, foi parar na 29ª Vara Cível de São Paulo, onde a juíza Laura de Mattos Almeida autorizou uma perícia no local.
O empresário alega que os elementos artísticos e arquitetônicos do hotel foram concebidos por ele antes da entrada da holding chinesa CTF (Chow Tai Fook Enterprises Limited) no projeto, e que os sócios tentaram diminuir sua participação para lucrar com o projeto em outros locais, sem sua colaboração.
O hotel Rosewood, inaugurado em 2022, é controlado pela BM Empreendimentos, que conta com a parceria dos donos Allard e a CTF.
Segundo a defesa do francês, além da usurpação de direitos autorais sobre o projeto arquitetônico, os sócios chineses também estariam envolvidos em práticas ilícitas, como a invasão do notebook de sua advogada para extração de dados relacionados a uma negociação de debêntures.
Esses documentos, segundo um dos donos, Allard, seriam cruciais para a negociação da participação acionária no empreendimento, e a ação teria como objetivo enfraquecer sua posição no negócio.
Na época, ambas as partes discutiam a conversão de um lote de debêntures, que são títulos de dívida passíveis de serem transformados em ações.
Disputa judicial em torno do Hotel Rosewood
Allard, que era dono do antigo Hospital Matarazzo em 2010 e transformou o local na Cidade Matarazzo, onde o Rosewood está instalado, acusa a CTF de tentar se apropriar de seu trabalho criativo e inovador.
Em sua defesa, o empresário francês argumenta que a concepção do hotel envolveu elementos exclusivos da cultura brasileira, alinhados com práticas ambientais sustentáveis.
A CTF, maior cotista do fundo BM 888, tem controle substancial sobre as decisões do Rosewood, o que, segundo Allard, facilita sua tentativa de replicar o projeto em outros locais, sem a devida compensação. Até o momento, as defesas dos envolvidos optaram por não comentar o caso, que continua sob segredo de Justiça.
A relação entre Allard e CTF
A parceria entre Alexandre Allard e a holding chinesa CTF teve início em 2011, quando Allard adquiriu o terreno onde funcionava o antigo Hospital Matarazzo, na região da Bela Vista, em São Paulo.
Dois anos depois, a CTF, proprietária da bandeira Rosewood, se associou ao empresário francês para a construção do hotel de luxo.
Em 2019, a sociedade foi dividida, criando duas empresas: a BM Empreendimentos, controlada pela CTF, com Allard como minoritário, e a BM Varejo, sob o comando de Allard, responsável pelo centro comercial e outras operações.
A partir de 2022, a CTF começou a adquirir títulos conversíveis em ações da BM Empreendimentos, e em 2024 solicitou a conversão desses papéis, o que aumentaria sua participação e diluiria o controle de Allard.
O empresário francês alega que a CTF não seguiu os procedimentos legais estabelecidos nas escrituras de emissão ao tentar realizar a conversão das debêntures, o que gerou um novo ponto de conflito entre as partes.