EAD pode ser solução para setor de educação, dizem analistas

Com Yduqs como exemplo, ensino à distância pode "salvar" educacionais após 1T23 promissor

As empresas de ensino superior apresentaram resultado misto no primeiro trimestre de 2023 no Brasil, alternando lucros e prejuízos em seus desempenhos durante o período. Porém, especialistas ouvidos pelo BP Money, enxergam uma tendência que deve ser seguida pelas companhias do setor para a obtenção de melhores resultados. 

O segredo para o sucesso pode estar numa prática que precisou ser bastante utilizada durante o período da pandemia da Covid-19 e que veio para ficar: o Ensino à Distância, o famoso EAD. 

O fundador da Gava Investimentos e pós-graduado em análise financeira, Ricardo Brasil, tem certeza que as empresas precisam mudar sua forma de ensino. “A grande conclusão que a gente chega é de que as educacionais que não tenham se preparado para oferecer cursos online vão ter problemas. São cursos que a gente chama de baixa presencialidade ou híbrido, onde o aluno vai uma ou duas vezes na semana para a sala de aula e faça o resto todo online”, indica Brasil. “Para cursos presenciais, as empresas terão que ter um controle absurdo de custos, se não, vão ter prejuízo”, alertou. 

O mercado tem um exemplo que pode servir de parâmetro para o nicho educacional. A Yduqs (YDUQ3) surpreendeu os acionistas e reportou lucro líquido de R$ 149,5 milhões entre janeiro e março, alta de 96,6% em relação ao mesmo período de 2022. Já a receita líquida totalizou R$ 1,313 bilhão no primeiro trimestre deste ano, avanço de 10,1% na comparação anual. 

Para o analista de Renda Variável da AF Invest, Hugo Baeta, um dos motivos do sucesso da detentora da Faculdade Estácio é justamente o investimento no ensino à distância. 

“O destaque desses três meses de 2023 foi para a Yduqs. Foi a empresa que conseguiu crescer a receita de forma mais significativa e quando a gente olha para os componentes, observamos que ela cresceu muito puxado pelo EAD e também pelos segmentos premium, como medicina, onde ela conseguiu crescer bastante o ticket-médio. E como ela conseguiu também segurar os custos, esse crescimento de receita passou integralmente para a geração de caixa e com isso ela conseguiu desalavancar e ter um lucro bem acima das expectativas”, analisou Baeta. 

Investimentos do governo

Existe a expectativa de que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anuncie uma nova política de incentivo ao ingresso no ensino superior no País. Uma das medidas estudadas pelo governo federal, é uma reformulação no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), trazendo mais investimentos para o crédito universitário. 

Segundo os especialistas, o retorno da robustez do programa, que foi esvaziado nos últimos anos, por si só, não garante bons resultados, mas é uma grande ajuda para a reestruturação do setor. 

“É muito difícil montar uma tese baseado em algum programa de governo, mas certamente, qualquer programa, seja a volta do FIES ou seja algum outro programa governamental para incentivar o ingresso de mais alunos no ensino superior beneficiaria as empresas de educação. Fato é que o governo tem sido bem vocal no estímulo de aumento desses investimentos, mas nunca é recomendável fazer um investimento se baseando em um possível programa de governo que ainda não foi concretizado”, pondera Hugo Baeta. 

Já Ricardo Brasil, projeta que, se o incentivo público de fato acontecer, será a chance dessas empresas mudarem de vez sua cultura. 

“Pode dar um fôlego, mas um fôlego para as empresas se estruturarem. É um setor que aprendeu com a pandemia e que tem que se reinventar. Não adianta ficar no modelo antigo. Vamos ter uma concorrência maior, aí estamos falando de captação de aluno mesmo. Algumas empresas nem estavam conectadas online e agora não basta só ter curso online, ela vai ter que captar esse aluno pelo anúncio do Facebook, do Youtube… é um modelo muito antigo ter que ir para a faculdade presencialmente, acho que esse modelo não vai se sustentar por causa do custo”, pontuou.