Beneficiada pelos altos preços do minério de ferro, a Vale registrou o segundo trimestre consecutivo de lucro recorde, acumulando no ano um resultado positivo de R$ 70,6 bilhões. No segundo trimestre, o lucro da empresa chegou a R$ 40,1 bilhões, 31% acima do recorde do trimestre anterior
O desempenho, diz a empresa, reflete maiores preços do minério de ferro e crescimento no volume de vendas. No trimestre, o preço médio do minério vendido pela companhia ultrapassou pela primeira vez a barreira dos US$ 200 (cerca de R$ 1030) por tonelada.
Com o desempenho do primeiro semestre, a companhia distribuirá até o fim do ano ao menos mais US$ 5,3 bilhões (R$ 27 bilhões pela cotação atual) em dividendos a seus acionistas. Nos dois anos que se seguiram à tragédia de Brumadinho (MG), a Vale já anunciou R$ 34,2 bilhões em dividendos.
Os dividendos haviam sido suspensos logo após a tragédia, que que deixou 272 mortos e um rastro de destruição em janeiro de 2019, mas foram retomados ainda em 2020, assim como pagamento de bônus a seus executivos.
“Com a confiança elevada, a Vale continua no caminho certo em sua estratégia de redução de riscos, simplificação de nossos negócios e atingimento de nossas ambições?, disse, no balanço divulgado ao mercado nesta quarta-feira (28), o presidente da mineradora, Eduardo Bartolomeo.
A Vale fechou o segundo trimestre com receita de R$ 87,8 bilhões. O Ebitda, indicador que mede a geração de caixa, também foi recorde, chegando a R$ 58,1 bilhões. A dívida bruta da companhia ficou em US$ 12,1 bilhões (R$ 62 bilhões pela cotação atual).
No período, a empresa produziu 75,7 milhões de toneladas de minério, seu principal produto, alta de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior, devido a retomada de minas e ao bom momento do mercado internacional.
A mineradora diz que alcançou uma capacidade de produção que lhe garante extrair 330 milhões de toneladas por ano com o atingimento da capacidade total do projeto Serra Leste, no Pará. A meta é fechar 2021 com produção entre 315 e 335 milhões de toneladas.
No balanço, a Vale fez nova provisão de R$ 2,8 bilhões para gastos com remediação de Mariana (MG), cidade que sofreu com o rompimento de barragem da Samarco em 2015, deixando 19 mortos. Segundo a empresa, a provisão se deve a estouro do orçamento da reparação.
Controlada pela Vale e pela BHP Billinton, a Samarco está atualmente no centro de uma disputa com fundos internacionais de investimentos, com quem negocia um plano de recuperação judicial.
Os credores acusam a Samarco de beneficiar seus controladores ao incluir entre as dívidas da recuperação judicial empréstimos feitos para pagar a remediação dos danos provocados pela tragédia.
A Samarco defende que a Vale e BHP têm direito a receber R$ 24 bilhões, cerca de metade da dívida total da companhia. Para os credores, parte deste valor deveria ter sido aportado diretamente pelas empresas na Renova, fundação responsável pela recuperação.