A Embraer (EMBR3) anunciou nesta semana o investimento de US$ 70 milhões (R$ 396 milhões) destinados à construção de uma nova instalação de MRO (manutenção, reparo e operações) em Fort Worth, Texas. Para o Bradesco BBI esse aporte parece marginal, mas os analistas destacaram 3 aplicações importantes.
A primeira delas é o fato de que a localização da instalação de MRO apoiará fortemente as operações da American Airlines, um cliente estratégico da Embraer nos EUA. O segundo ponto é que o BBI enxerga a MRO como uma vaca leiteira e deve contribuir para aumentar as receitas recorrentes.
Nos cálculos do banco, essas receitas combinadas com a expansão da subsidiária OGMA em Portugal, devem resultar em receitas incrementais de US$ 575 milhões por ano ou 41% de crescimento anual dos números da Embraer.
Por último, a equipe do BBI acredita que o investimento deve ter um impacto positivo. A nova instalação da Embraer visa atender sua crescente frota de E-jets nos EUA.
Haverá duas etapas de construção: um hangar existente será utilizado na primeira e deverá contribuir com receitas a partir do 2T25. Já a segunda fase se refere à construção de uma instalação de última geração a ser concluída até 2027.
O principal hub da American Airlines nos EUA fica em Fort Worth, o que na visão do Bradesco BBI é estratégico e pode ser explicado pelo recente pedido de aeronaves da American Airlines de 90 aeronaves E175, além de opções para 43 E175s adicionais, segundo o “InfoMoney”.
Além disso, na análise do banco, embora a American Airlines tenha anunciado em março de 2024 seu plano de iniciar a modernização das cabines internas de seus A319 para 2025, esse plano pode enquadrar apenas 32 A319s recebidos até 2013, mas os modelos 101 A319s que têm cerca de 20 anos podem ser substituídos pelos E2s da Embraer.
A nova instalação pode levar cerca de R$ 75 milhões em receitas anuais para a Embraer, conforme estimativa do BBI.
As fontes desse valor seriam: as receitas de serviços excluído a OGMA, em aproximadamente US$ 1,2 bilhão; uma proxy para as receitas de serviços de aviação comercial, considerado que esse setor representa 54% da carteira de pedidos da Embraer; Por fim, a MRO pode ser responsável por 30% das receitas de serviços.
Embraer (EMBR3) recupera grau de investimento e atesta bom momento
A Fitch elevou, na última sexta-feira (20), a classificação de crédito da Embraer (EMBR3) para grau de investimento, passando de BB+ para BBB-, seguindo os passos da S&P, que já havia promovido a fabricante de jatos em fevereiro deste ano.
Com isso, a Embraer agora integra o seleto grupo de empresas com grau de investimento, ao lado de nomes como Petrobras (PETR3; PETR4), Vale (VALE3), Ambev (ABEV3), Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), entre outras.
Às 16h25 (horário de Brasília) desta segunda-feira (23), as ações da Embraer registravam alta de 2,65%, cotadas a R$ 49,53, acumulando valorização de 119% em 2024.
O Bradesco BBI destaca que, conforme previsto, após a conclusão da arbitragem com a Boeing — embora a recepção do mercado tenha sido negativa —, a Embraer conseguiu recuperar o grau de investimento.
Esse resultado foi impulsionado por dois fatores principais: (i) a melhora na geração de caixa da companhia e (ii) uma perspectiva otimista para suas quatro principais unidades de negócios: aviação comercial, aviação executiva, defesa e serviços & suporte.