Depois de um 2020 sombrio devido à pandemia e ao fim da venda de sua área de aviação comercial para a americana Boeing, a brasileira Embraer apresentou no segundo trimestre deste ano seu primeiro lucro líquido desde os primeiros três meses de 2018.
O valor ajustado é de R$ 212,8 milhões. O resultado vem após um prejuízo ajustado de R$ 1,32 bilhão no ano passado, no valor total, R$ 3,6 bilhões, três vezes mais do que em 2019.
A receita líquida foi de R$ 5,9 bilhões, aumento de 107% ante o mesmo período de 2020. O desempenho reflete o impacto das medidas de enfrentamento da crise do ano passado, como cortes de pessoal e otimização de operações financeiras.
O mercado de aviação segue reprimido. No ano passado, a Embraer vendeu 130 jatos comerciais e executivos, 34% a menos do que em 2019. Agora, projeta um cenário que varia de 135 a 145 aviões neste ano, com uma receita líquida de R$ 21 bilhões a R$ 23 bilhões.
A retomada segue sendo mais forte no segmento dos jatinhos, sejam leves ou grandes, o que diz muito sobre o perfil da aviação mundial sob a nova realidade pandêmica.
Foram entregues 14 aeronaves comerciais e 20 executivas neste segundo trimestre, ante 23 e 33, respectivamente, no primeiro. No ano passado todo, foram 44 e 86, respectivamente. Ao todo, a empresa tem um R$ 83 bilhões em encomendas.
Embora esteja se recuperando do tombo histórico de 2020, quando a Covid-19 fez o tráfego aéreo mundial cair 65,9%, o mercado de aviação comercial ainda sofre para voltar a níveis pré-crise, especialmente com a manutenção ou renovação de restrições de viagem.
Por extensão, sofre a indústria aeronáutica, que tem de todo modo olhado para o futuro. A Embraer, por exemplo, tem investido fortemente em parceiras acerca de soluções de mobilidade urbana baseadas nos chamados carros voadores, movidos a energia elétrica.
Nesta sexta (13), a empresa de São José dos Campos (SP) irá apresentar o seu plano de aplicação das regras ESG (sigla inglesa para ambiente, sustentabilidade e governança), o padrão-ouro de quase todos os setores hoje.
Por ora, contudo, a receita total da Embraer está ancorada na aviação comercial (34,4% no segundo trimestre). A executiva, apesar de vender mais em termos unitários, apresenta produtos mais baratos e rendeu 23,5%. Defesa e segurança ficaram com 15,5%, serviços e suporte, 26,4%, e outros negócios somam só 0,2%.
A margem ajustada do Ebitda (resultado operacional medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização) no segundo trimestre foi de 14,2%, ante 9,2% no primeiro.