Esperada em 2020, a onda de recuperação judicial chegou três anos depois. Nos últimos meses, as empresas tiveram de conviver tanto com o fim dos programas governamentais e o vencimento de dívidas renegociadas no passado pelos bancos quanto com juros altos, inflação pressionada e consumo fraco.
Com isso, as empresas precisam recorrer à Justiça para ganhar tempo, arrumar a casa e preservar o negócio. Em janeiro, o volume de recuperações judiciais requeridas foi o maior para o mês em três anos, segundo dados da Serasa Experian.
De acordo com perspectivas de consultorias, esse número não deve parar por aí e a tendência é que haja um boom de pedidos de recuperação e de falências no primeiro quadrimestre.
A Oi (OIBR3), que saiu da recuperação judicial em dezembro, fez um pedido de tutela à Justiça que indica uma segunda recuperação para honrar as dívidas da primeira.
A DOK Calçados, dona da Ortopé, entrou com o pedido de proteção judicial contra seus credores. Já a Pan, de chocolates, e a Livraria Cultura não resistiram e foram à falência. A última, no entanto, conseguiu uma liminar revertendo o processo.
Além disso, a Americanas (AMER3), em um caso particular de problemas nos balanços, também entrou com pedido de recuperação judicial. A Marisa (AMAR3), do setor de vestuário, optou por reescalonar a dívida de R$ 600 milhões fora do âmbito judicial.
Pelos dados da Serasa, 92 empresas pediram ajuda da Justiça para adiar o pagamento de dívidas em janeiro, segundo o levantamento da Serasa Experian. A alta é de 37,3% ante janeiro de 2022 e de quase 90% ante janeiro de 2021. As informações são do “Estadão”.