
A parceria entre o AliExpress e o Magalu, iniciada em agosto do ano passado, promete dar um passo importante em sua evolução, com foco em melhorias logísticas e em serviços de cloud.
A aliança inédita no setor de marketplaces, que envolve a venda de produtos complementares nas plataformas de ambas as empresas, agora se prepara para integrar soluções mais avançadas para otimizar o desempenho das operações de ambos os lados.
“Há muitas possibilidades. A gente já conversou sobre mais caminhos. O Magalu tem uma rede logística muito forte e uma atuação importante em digital wallet. O AliExpress tem um segmento importante em cloud. Há portas abertas para esses caminhos”, diz Briza Bueno, diretora-geral do AliExpress no Brasil e América Latina, em entrevista ao NeoFeed.
Atualmente, o AliExpress oferece uma entrega de produtos do exterior em um prazo de cinco dias, uma melhora significativa se comparada aos 90 dias necessários no início de suas operações no Brasil, há 15 anos.
Contudo, esse tempo ainda está distante da agilidade do Magalu, que em alguns casos consegue realizar entregas em poucas horas.
Esse é um dos aspectos que a plataforma chinesa pretende aprimorar, ajustando seu sistema logístico para competir de forma mais eficiente com os concorrentes nacionais.
Além disso, o AliExpress, por meio de sua controladora Alibaba, pode contribuir significativamente para o Magalu no aprimoramento de seus serviços de armazenamento em nuvem (cloud), um campo em que a gigante chinesa já possui vasta experiência.
“O Frederico Trajano [CEO do Magalu] sempre foi um entusiasta da China e acredito que muito inspirado pelo Alibaba. Todo o desenho de superapp que o Magalu criou foi muito baseado nos superapps chineses.”
O movimento pode trazer ganhos mútuos, já que a expertise do AliExpress em infraestrutura digital pode ajudar o Magalu a expandir suas capacidades tecnológicas, além de fortalecer a parceria entre as duas empresas.
“O Magalog hoje tem cobertura nacional e muita velocidade de entrega. E a parceria com o AliExpress faz muito sentido”, diz Márcio Chammas, diretor-executivo do Magalog, ao NeoFeed.
A ideia é que essa união ocorra sobre a última milha de entrega dos produtos da companhia chinesa. Sobre possível aliança no serviço de cloud, o Magalu não informou se o tema já está em discussão.
Magalu e AliExpress ampliam parceria para impulsionar e-commerce
O Magalu confirmou que está em negociações com o AliExpress para expandir sua parceria, com foco na área de logística.
A proposta ainda não tem data definida, mas envolve a utilização da Magalog, divisão da varejista criada em outubro de 2024, que visa integrar as operações logísticas das empresas de transporte sob o guarda-chuva da companhia.
Essa colaboração vai além do aspecto comercial, reforçando o potencial de crescimento do e-commerce no Brasil, um setor que tem se mostrado cada vez mais relevante.
De acordo com dados da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (Abcomm), as vendas no comércio online atingiram R$ 204 bilhões em 2024, com a expectativa de um crescimento de 15% neste ano.
O tíquete médio das compras foi de R$ 492, o que evidencia o aumento do poder de compra e o amadurecimento do mercado virtual. Atualmente, o e-commerce representa 9% do varejo total, uma elevação expressiva em comparação aos 6,04% registrados em 2019, antes da pandemia.
No entanto, para que esse crescimento seja ainda mais acelerado, a executiva do AliExpress destacou a necessidade de maior segurança jurídica no Brasil.
Ela se referiu especialmente à demora nas discussões sobre a implementação da Remessa Conforme, ou “taxa das blusinhas”, que entrou em vigor em agosto de 2024. A estabilidade regulatória é vista como um fator chave para o fortalecimento do comércio eletrônico no país.
“As discussões muito longas não são boas para nenhuma empresa que pretende investir no País. A gente vê que o Brasil foi para um caminho de taxação muito alta para importação”, avaliou.