Foto: Divulgação/ Ambipar
Foto: Divulgação/ Ambipar

A Ambipar (AMBP3) segue em alta após a decisão que manteve o processamento de sua recuperação judicial na Justiça do Rio de Janeiro. No dia do anúncio, na segunda-feira (27), as ações da companhia dispararam e encerraram o pregão com valorização de 34,62%.

No início da tarde desta quinta-feira (30), por volta das 12h25 (horário de Brasília), os papéis registravam alta de 6,06%, sendo negociados a R$ 0,35.

A 21ª Câmara de Direito Privado tomou a decisão na segunda-feira (27), representando uma vitória para a companhia na disputa com credores.

Instituições financeiras buscavam transferir o caso para São Paulo, sob o argumento de que a Justiça paulista adota uma postura mais rígida em relação a empresas devedoras. No meio jurídico, é comum a percepção de que o Judiciário fluminense tende a ser mais flexível com companhias em crise.

Com dívida bruta de R$ 10,7 bilhões, a Ambipar tenta blindar sua operação em meio ao risco de um possível efeito dominó no sistema financeiro. Segundo a Revista Oeste, quase todos os contratos da empresa incluem cláusulas de vencimento cruzado — o que significa que o acionamento de uma dívida pode antecipar a cobrança de todas as demais.

Ambipar aponta ex-executivos do BofA como centro do colapso

Segundo a Ambipar (AMBP3), a recuperação judicial apresentada na última terça-feira (21) está ligada a operações financeiras conduzidas por seu ex-diretor financeiro, João Arruda, pelo ex-vice-presidente do Deutsche Bank, Henrique Ramin.

Em fevereiro de 2025, Arruda e Ramin estruturaram um bond com o intuito de captar US$ 493 milhões, com hedge cambial feito pelo Deutsche Bank — do qual Ramin já era vice-presidente havia quase seis meses — e decidiram transferir para o banco alemão também o hedge de um bond de 2031, feito quando ambos ainda estavam no BofA (Bank of America). A justificativa apresentada foi de que a mudança reduziria custos para a Ambipar (AMBP3).

Já em março deste ano, ambos começaram a estruturar o chamado PIK Bond — instrumento financeiro que adia o desembolso de caixa, mas eleva o endividamento total. Segundo informações do Metrópoles, trata-se de um título em que os juros são pagos com a emissão de novos papéis de dívida.