Ações supervalorizadas

Americanas (AMER3): balanço atrasado provoca onda de perdas aos minoritários

O Instituto Empresa ingressou com arbitragens contra as Americanas e seus controladores, por conta das perdas decorrentes do atraso

Americanas/ Foto: Colagem/ BP Money
Americanas/ Foto: Colagem/ BP Money

O atraso na divulgação do balanço do segundo trimestre das Americanas (AMER3) gerou perdas significativas para aqueles que têm posição acionária na companhia. As perdas são ainda mais agravantes para os acionistas minoritários.

Depois de vários meses aguardando o balanço, os investidores tiveram a surpresa mais desagradável possível: a Americanas (AMER3) divulgou um prejuízo de R$ 2,272 bilhões em 2023.

Após a divulgação dos números, o mercado observou que as ações da companhia ainda estavam supervalorizadas. Assim, desde a noite de quarta-feira, os papéis estão sofrendo uma nova onda de perdas.

Com isso, os papéis fecharam nesta quinta-feira (15) com uma contração de 57,58%, sendo negociados a R$ 0,14.

“As informações do balanço, cruciais para que os acionistas precifiquem as ações, foram por diversas vezes adiadas irregularmente, deixando os investidores no escuro. Com os dados em mãos, o mercado percebeu que os papéis ainda estavam supervalorizados e uma nova onda de perdas aconteceu”, explicou ao BP Money Eduardo Silva, presidente do Instituto Empresa, entidade que defende os investidores minoritários.

O Instituto Empresa ingressou com arbitragens contra as Americanas e seus controladores, por conta das perdas decorrentes do atraso do balanço e adiamentos passados.

Prejuízo de 2023 das Americanas (AMER3) é 82,8% menor se comparado a 2022

O prejuízo de 2023 foi 82,8% menor em comparação com 2022, considerando os números represados após a descoberta da fraude.

“Quem adquiriu o papel até janeiro de 2023 — data da revelação das fraudes — o fez por um preço próximo ou superior a R$ 19,00. No entanto, o valor efetivo do ativo, depuradas as distorções contábeis, talvez fosse o da atual cotação, cerca de 30 centavos”, disse Silva.

Segundo Silva, a diferença entre o preço pago e o efetivo deve ser cobrada pelos investidores. Além disso, os minoritários foram afetados por camadas de prejuízo.

Reforçando a afirmativa, Fabio Murad, sócio da Ipê Avaliações, sinalizou que a reação do mercado gerou uma queda acentuada das ações, “com perdas de até 70% em alguns momentos”.

Murad também pontuou que, além das perdas dos papéis, o atraso “minou a confiança dos investidores na administração da empresa”.

“A combinação de fraudes, atrasos e a subsequente queda nas ações resultou em uma nova onda de perdas para os investidores, que agora enfrentam um cenário de incerteza e volatilidade”, acrescentou Murad.