Fraude contábil

Americanas: ex-CEO e ex-diretora estão foragidos; Interpol é acionada

A inclusão ocorre após a PF não conseguir cumprir os mandados de prisão preventiva contra ambos

Foto: reprodução/ Vinicius Loures - Câmara dos Deputados
Foto: reprodução/ Vinicius Loures - Câmara dos Deputados

O ex-presidente da Americanas (AMER3), Miguel Gutierrez, e a ex-diretora Anna Saicali terão seus nomes adicionados à lista vermelha de procurados da Interpol. 

A inclusão ocorre após a PF (Polícia Federal) não conseguir cumprir os mandados de prisão preventiva contra ambos, já que estão no exterior, conforme uma fonte familiarizada com o caso. 

Os mandados foram emitidos pela 10ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, no contexto da operação Disclosure, que investiga o envolvimento de ex-diretores da empresa em uma fraude contábil de R$ 25,3 bilhões, resultando na recuperação judicial da Americanas.

O Ministério Público Federal (MPF) confirmou que os alvos dos mandados de prisão estão no exterior, sem revelar seus nomes. A Polícia Federal (PF) também não divulgou oficialmente a identidade dos envolvidos.

Em um comunicado anterior, a PF informou que, além dos mandados de prisão, 80 policiais federais estavam cumprindo 15 mandados de busca e apreensão nas residências de ex-diretores da varejista no Rio de Janeiro.

“A investigação revelou ainda fortes indícios da prática do crime de manipulação de mercado, uso de informação privilegiada, também conhecido como ‘insider trading’, associação criminosa e lavagem de dinheiro. Caso sejam condenados, poderão cumprir pena de até 26 anos de reclusão”, disse a PF na nota.

As investigações são conduzidas conjuntamente pela Polícia Federal, Ministério Público Federal e CVM (Comissão de Valores Mobiliários), com a colaboração da atual diretoria da Americanas, conforme informado pela PF.

Além dos mandados de prisão e de busca e apreensão, a Justiça determinou o sequestro de bens e valores dos ex-diretores da Americanas, totalizando mais de R$ 500 milhões, informou a Polícia Federal (PF).

Em um comunicado, a Americanas afirmou que “reitera sua confiança nas autoridades que investigam o caso e reforça que foi vítima de uma fraude de resultados pela sua antiga diretoria, que manipulou dolosamente os controles internos existentes.”

“A Americanas acredita na Justiça e aguarda a conclusão das investigações para responsabilizar judicialmente todos os envolvidos”, disse a varejista.

Relembre escândalo da Americanas

A fraude contábil e rombo fiscal da Americanas (AMER3) foi revelado no inicio de 2023, quando a recém-nomeada diretora da empresa expôs o caso. 

A notícia teve impacto quase instantâneo no mercado. Somente um pregão foi necessário para derreter os papéis das varejistas: Na véspera do anúncio, as ações da empresa eram negociadas na casa de 12 reais. Na quinta-feira o papel fechou cotado a 0,40 real.

Posteriormente, a empresa, que tem como acionistas de referência o trio de bilionários fundadores da 3G Capital — Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Carlos Alberto Sicupira — acusou Gutierrez e outros ex-funcionários da empresa de cometerem fraude.

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