O Goldman Sachs rebaixou a recomendação da Azul (AZUL4) de ‘compra’ para ‘neutra’, embora ainda veja as operações da companhia aérea como saudáveis.
O banco americano também cortou o preço-alvo de R$ 12,20 para R$ 7,30, ainda um potencial de alta de 39% em relação ao fechamento de sexta-feira (20). O target para o ADR (recibo de ações negociados na NYSE) foi cortado de US$ 6,70 para US$ 4 (upside de 38%).
Por volta das 11h30 (horário de Brasília) desta sexta-feira (23), os papéis da aérea caíam 3,80%, cotados a R$ 5,06.
Piora da dívida líquida
Segundo o relatório, a retomada da lucratividade foi sustentada pelo comportamento racional do mercado brasileiro pelos três principais players, juntamente com as perspectivas limitadas dos fabricantes de aeronaves em um futuro próximo, o que mitiga o risco das companhias aéreas adicionarem capacidade significativa no curto prazo.
Por outro lado, o Goldman Sachs explica que a recente depreciação do real levou a um aumento significativo da dívida líquida da empresa, visto que praticamente 100% da dívida da empresa é denominada em dólar e os pagamentos de arrendamento também estão vinculados ao dólar.
Isso, juntamente com a piora do ambiente macroeconômico, provavelmente limitará espaço para uma potencial reavaliação da ação, destacou o banco.
De acordo com projeções do Goldman, a Azul deve encerrar 2024 com uma alavancagem (Dívida líquida/Ebitda) de 4,6 vezes.
Além disso, o banco destaca que os pagamentos da dívida (excluindo pagamentos de arrendamento) chegaram a R$ 1,1 bilhão no 2º semestre de 2024. Adicionalmente, como referência, analistas esperam que a Azul queime cerca de R$ 1,5 bilhão de caixa este ano.
A equipe de research do banco também cita as incertezas em torno das renegociações de dívida. A Azul está atualmente em negociação com seus arrendadores para otimizar a estrutura acionária acordada no ano passado.
Embora não tenha opinião sobre a probabilidade de qualquer negociação, o Goldman destaca que, caso isso se concretize, poderia acontecer uma reavaliação da ação, já que eliminaria o risco potencial de diluição do instrumento de capital de US$ 570 milhões em aberto.
Por fim, o banco ainda reconhece que comentários sobre reestruturação de dívida têm sido seguidos por volatilidade incremental no preço da ação e podem compensar a perspectiva operacional positiva que tem sido vista na empresa.
Azul (AZUL4): Moody’s rebaixa nota de crédito e cita riscos de liquidez
A Azul (AZUL4) comunicou que agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o rating corporativo da empresa para ‘CAA2’ de ‘CAA1’.
Ao mesmo tempo, rebaixou para CAA1, de B3, a classificação da dívida sênior garantida, e para CAA2, de CAA1, o rating das dívidas seniores garantidas da Azul Secured Finance LLP (Delaware).
Segundo relatório, o rebaixamento da Azul reflete os resultados mais fracos da companhia durante 2024 e a consequente queima de caixa, o que aumentou os riscos de liquidez.
A Azul gerou R$ 1,2 bilhão em EBIT (lucro antes de juros) durante o primeiro semestre de 2024, mas altas necessidades de capital de giro, carga da dívida e despesas de capital levaram a uma queima de caixa cumulativa de R$ 1,2 bilhão no mesmo período.