Alta de 13,1% no lucro

Bradesco (BBDC4): resultado não surpreende e ações despencam

Apesar do cenário de recuperação no lucro, alta das despesas e avanço tímido da margem financeira desagradaram

Bradesco
Foto: Divulgação

O resultado referente ao terceiro trimestre de 2024 do Bradesco (BBDC4), divulgado nesta quinta-feira (31), não encheu os olhos do mercado. Como consequência, as ações do banco operam em forte queda. Por volta das 10h50 (horário de Brasília), os papéis recuavam 3,59%, cotados a R$ 14,49.

Bradesco (BBDC4) reportou um lucro líquido recorrente de R$ 5,225 bilhões no terceiro trimestre de 2024, correspondendo a uma alta de 13,1% ante o mesmo período em 2023. Em relação aos três meses imediatamente anteriores, o crescimento é de 13,1%.

O banco apresentou um crescimento em suas receitas com prestação de serviços, especialmente pela consolidação dos resultados da Cielo, controlada pelo Bradesco (BBDC4) juntamente com o Banco do Brasil (BBAS3). Além disso, houve avanço, ainda que tímido, na margem financeira da instituição, que foi seguido da queda na inadimplência.

O retorno sobre patrimônio líquido da companhia ficou em 12,4% ao fim do trimestre, equivalente a uma alta de 1,1 ponto percentual na comparação anual.

O Bradesco encerrou o terceiro trimestre de 2024 com R$ 2,077 trilhões em ativos, equivalente a uma alta de 7,6% seguindo a mesma base comparativa. O patrimônio líquido, por sua vez, somou R$ 162,931 bilhões, crescimento de 1,3% na comparação anual.

Avaliações do 3TRI24 do Bradesco (BBDC4)

Na visão da Genial Investimentos, a primeira leitura dos resultados do 3TRI24 do Bradesco foi positiva, com o desempenho reforçando as transformações que a gestão tem implementado para elevar a rentabilidade do banco.

Em relação ao plano de transformação, o banco segue diminuindo agências, totalizando 2.355 (-6,1% trimestre a trimestre e –14,4% ano a ano).

A Genial também ressalta o desempenho modesto do NII, que cresceu 2,7% ante o 2TRI24 e 0,9% ante o 3TRI23, alinhado à estratégia de crescimento em linhas de crédito de menor risco e spread.

Nesse cenário, as despesas com provisões para crédito (PDD) foram bem controladas, com uma queda de -2,2% trimestralmente e -22,4% anualmente, enquanto a inadimplência segue em tendência de queda, refletindo um melhor controle de qualidade.

No lado menos favorável, as despesas administrativas registraram um crescimento elevado, de 4,0% na base trimestral e 12,1% na anual, impulsionado pelo maior volume de contratações e pela incorporação da Cielo.

Mesmo desconsiderando a incorporação, as despesas ainda apresentariam crescimento significativo. O lucro antes do imposto, de R$ 6,7 bilhões, superou as expectativas em 8,3%, com crescimento de 15% no trimestre e 29% no ano.

Já para o JPMorgan, do lado positivo, as taxas de serviço foram melhores do que o esperado e o banco entregou provisionamento melhor do que o esperado para sua nova formação de inadimplência, ou “NPL formation” (a variação do saldo de créditos em atraso).

Enquanto isso, também ressaltou o NII total como negativo, sendo a explicação da empresa para uma maior pressão com um “mix” mais seguro (ou seja, produto e cliente).

“No geral, resultados em linha com argumentos para otimistas (bullish) e pessimistas (bearish). Temos tendência a ter uma primeira visão ligeiramente positiva, pois o EBT [lucro antes de impostos] superou nossas estimativas, apesar de outras despesas muito maiores (por exemplo, marketing de cartão e também reivindicações e contingências legais, que podem estar vinculadas à otimização do canal) e o ROE continua a se expandir (importante, pois o custo de risco também está subindo no Brasil)”, avaliam os analistas do JPMorgan.

Contudo, não descartaram uma pressão maior para as ações por conta do recente posicionamento mais pesado do mercado a decepção com o NII.

Para os analistas da XP, embora o Bradesco tenha confirmado a tendência de recuperação, “a curva de crescimento esperada parece um pouco mais lenta, e o ambiente macro pode atrasar essa recuperação no crescimento do crédito”.

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