Entenda impactos

Carrefour (CRFB3): ação cai forte em meio a boicote de frigoríficos

Medida dos frigoríficos brasileiros é resposta ao anúncio de que as lojas da França deixarão de comercializar carnes do Mercosul

Carrefour
Foto: Divulgação

As ações do Carrefour (CRFB3) caem forte na manhã desta segunda-feira (25), impactadas pelo boicote de frigoríficos ao grupo francês. Por volta das 10h20 (horário de Brasília), os papéis recuavam 4,37%, a R$ 6,35. Às 11h, a empresa havia reduzido as perdas, com queda de 0,79%.

A medida dos frigoríficos brasileiros é uma resposta ao anúncio de que as lojas da França deixarão de comercializar carnes do Mercosul, feito pelo CEO Alexandre Bompard.

O executivo disse que a decisão foi tomada após ouvir o “desânimo e a raiva” dos agricultores franceses, que protestam contra a proposta de acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul.

Diversos veículos noticiaram que o boicote envolve as principais empresas do setor frigorífico, como JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e MasterBoi.

O boicote dos produtores brasileiros começou na última sexta-feira (22), com estimativas indicando que mais de 100 lojas Carrefour, Atacadão e Sam’s Club no Brasil foram impactadas, o que sugere escassez de carne bovina em breve em algum momento.

Os produtores brasileiros de carne bovina estão aguardando uma retratação do Grupo Carrefour para possivelmente suspender o boicote.

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, isse que a decisão do Carrefour “parece uma ação orquestrada” de companhias francesas contra o Brasil. O ministro disse ficar “indignado” com o posicionamento dos franceses.

Caso Carrefour (CRFB3): avaliação de bancos

Para o Bradesco BBI, a notícia é negativa para CRFB3. “Estimamos que a carne bovina seja responsável por cerca de entre 4% e 5% das vendas totais do Carrefour, correspondente a um Ebitda [lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações] de um dígito baixo e, especialmente, é uma categoria importante para direcionar o tráfego para varejistas de alimentos”, avalia o banco.

Nesta fase, avalia o banco, ainda é muito cedo para avaliar o impacto total do boicote, pois os níveis reais de falta de estoque nas lojas Carrefour e a velocidade com que eles podem aumentar permanecem incertos.

No momento, o banco tem recomendação outperform (desempenho acima da média do mercado, equivalente à compra), com preço-alvo de R$ 10, ou potencial de alta de 51% frente o último fechamento.

O JPMorgan reforça que a JBS teria aderido à interrupção e, neste contexto, a Friboi (marca da companhia) é a maior marca de carne bovina do Brasil e ancora os serviços de açougue das lojas Atacadão, ao mesmo tempo em que tem geladeiras dedicadas na maioria dos formatos.

Cerca de 30% a 40% das lojas do Carrefour estariam mostrando sinais de escassez de carne bovina, em meio ao ainda ruído limitado em produtos de frango ou carne suína. Já o Carrefour Brasil negou qualquer escassez em suas lojas.

Para o JPMorgan, a volatilidade das ações deve aumentar em meio ao fluxo de notícias. Olhando para as principais lojas de cash&carry, ou atacarejo (correspondente a 70% das vendas), o banco estima que as proteínas (como um todo, não apenas a carne bovina, que parece ser a categoria mais afetada) representam cerca de 25% das vendas totais, sendo a segunda macrocategoria mais relevante atrás de alimentos secos (cerca de 40%).

“No entanto, sinalizamos que o Carrefour ainda está aumentando os serviços de açougue em suas lojas de cash&carry (com 151 de 374 locais), enquanto a maior parte dos volumes de proteína vendidos são congelados ou secos. Enquanto isso, os serviços de açougue normalmente operam com 5 a 7 dias de estoque”, aponta o JPMorgan.

Já a Genial Investimentos ressalta que a retaliação dos frigoríficos, apoiada pelo governo brasileiro, reflete poder de barganha em um período sazonal favorável, com baixa dependência da França (cerca de 1% das exportações).

Para os analistas, embora represente um risco de desabastecimento e rupturas no Carrefour, o impacto no fluxo de caixa dos frigoríficos deve ser limitado, enquanto a medida reforça sua posição perante outros clientes e parceiros comerciais.

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