Com a fusão entre a Dasa (DASA3) e a Amil (AMIL3) às portas, o economista e investidor da Corano Capital, Bruno Corano, chama atenção para um ponto importante: “As duas empresas têm um grau de endividamento significativo”.
No primeiro trimestre de 2024, a Dasa (DASA3) reportou um prejuízo líquido de R$ 176 milhões. O valor responde a uma piora de cerca de R$ 8 milhões em relação ao dado apresentado no mesmo período em 2023.
Além disso, segundo o balanço da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), o prejuízo operacional da Amil (AMIL3) chegou a R$ 2,8 bilhões em 2023. Já o prejuízo líquido somou R$ 4 bilhões, conforme informações do “Valor”.
Corano também disse ao BP Money que, especialmente a Amil, que já foi líder de mercado, vem apresentando uma depreciação em seu valor. “Ela só encolheu”, disse o economista.
Contudo, Corano acrescentou que “toda fusão, em primeira instância, é positiva, porque subentende-se que haverá ganho de escala, economia, e isso produzirá maiores ganhos”.
Segundo ele, as dúvidas são levantadas porque, de fato, as companhias ainda não apresentaram um plano de ação ou uma perspectiva em relação à fusão. “Essa informação ainda deve vir”, disse.
Fusão entre Dasa e Amil deve trazer ‘racionalidade no uso de recursos’, diz especialista
Na perspectiva de Pedro Afonso Gomes, presidente da Corecon-SP (Conselho Regional de Economia — SP), a fusão parcial entre a Dasa (DASA3) e a Amil (AMIL3) deve trazer, teoricamente, uma “maior racionalidade no uso dos recursos hospitalares”.
Cada empresa tem cerca de 12 hospitais, com marcas de peso, como Nove de Julho, Pró-Cardíaco, Santa Paula, Leforte, entre outras.
“Para a Amil, fazer uma associação com a Dasa para melhorar o atendimento nos seus hospitais, ou seja, reduzir custos nos seus hospitais, pode propiciar até uma certa margem de lucro um pouco maior”, disse ele ao BP Money.
Já do ponto de vista de ganho para a Dasa, o economista pontua que “quanto mais clientela cativa ela tiver, melhor”.
Caso a operação seja ‘engavetada’, quais empresas estariam no radar?
Um dos pontos levantados no noticiário corporativo foi que, caso a fusão não ocorresse nesta semana, a operação seria “engavetada”. Entretanto, mesmo com altos níveis de dívidas, as duas organizações possuem ativos atrativos.
Nesse sento, um dos especialistas trouxe sua visão num cenário onde as empresas desistam da operação.
Para Bruno Corano, a Rede D’Or (RDOR3) seria uma organização que teria maior sinergia tanto com a Dasa quanto com a Amil.
Não é a primeira vez que a Rede D’Or é cotada para adquirir operações da Amil. No início de 2022, segundo “O Globo”, quando o grupo UnitedHealth planejava vender as operações da Amil no Brasil, a Rede D’Or era tida como uma das candidatas para a aquisição.