Num cenário em que empresas de energia estão sendo desafiadas a aumentar a produção devido às ondas de calor, a privatização da Emae (EMAE4) está sendo bem recebida por analistas. O entendimento é que o processo deve levar à injeção de capital no setor.
O sócio da Ipê Investimentos, Fabio Murad, explica que a desestatização da Emae (EMAE4) eleva, consequentemente, a competitividade no setor, que enfrenta um crescimento na demanda.
“Privatizar empresas como a Emae pode levar a investimentos em infraestrutura que aumentam a capacidade de geração e distribuição de energia, tornando as empresas mais capazes de lidar com picos de demanda, como os causados por ondas de calor”, apontou Murad.
O PIB (Produto Interno Bruto) registrou um crescimento, em 2023, de 2,8% nas atividades de eletricidade, gás, água, esgoto e gestão de resíduos. Para 2024, a EPE — Empresa de Pesquisa Energética, que presta serviços para o Ministério de Minas e Energia (MME) — estima que o Brasil aumente a sua capacidade de geração de energia elétrica em 73 mil MW.
Nessa perspectiva, o fundador da empresa Hey Investidor, Yan Pedro, aponta que o mercado tem boas perspectivas para a privatização, mas sinaliza que a desestatização é só uma proposta inicial.
Na última segunda-feira (18), o governo de São Paulo lançou o edital para a privatização. Foi determinado que o leilão ocorrerá em 19 de abril e a venda será em lote único — são ofertadas 14,7 milhões de ações, precificadas a R$ 52,85 cada.
Privatização da Emae (EMAE4) destrava valor da ação
A expectativa do mercado para a desestatização da Emae está muito ligada à privatização da SABESP, que é uma operação muito aguardada. Contudo, Yan Pedro, fundador da empresa Hey Investidor, acredita que a operação pode ter muitos benefícios, incluindo o crescimento exponencial da ação.
“Eu diria que pode ter um bom crescimento, porque São Paulo é um bom estado, tem uma boa governança por trás. Deixando nas mãos da privatização, a empresa tende a tocar muito melhor”, declarou.
Além disso, ele acrescenta que o movimento pode fazer com que outras empresas, sob governança do Estado, avaliem a possibilidade de privatizar, especialmente as organizações de São Paulo e Minas Gerais.
“Proporcionalmente, com as privatizações a gente tem relação com os IPOs. Isso abre uma porta para mais empresas privatizarem e para mais empresas fazerem IPO na Bolsa”, explica Pedro.
Também nesse sentido, Maurício Lamon, Diretor de Gestão da GCS Capital, entende que a valorização do papel é um movimento natural. O forte crescimento deve ocorrer, mas o prazo é incerto.
O diretor destaca que de todo modo, a operação gera um “ganho de eficiência”.
“Principalmente pensando nas empresas que estão interessadas em comprar (a Emae), são empresas que sabem operar esse mercado, então de cara já tem esse ganho de eficiência”, explicou.
Além disso, Lamon lembra que a organização tem muitos projetos que ainda não saíram do papel. Para executá-los, a Emae precisará de investimentos e a privatização abre muito espaço para isso.
“Então, isso pode ser algo grande e bom para a EMI, isso pode sim trazer valor para a ação, mas não dá para dizer quanto valor, enquanto o tempo esse valor vem”, acrescentou.