Foto: Reprodução Ambipar
Foto: Reprodução Ambipar

O ex-diretor financeiro da Ambipar (AMBP3), João Arruda, protocolou na Justiça um pedido de busca e apreensão de documentos da companhia. Segundo o executivo, a ação visa permitir uma perícia independente e evitar a destruição de possíveis provas.

O movimento ocorre em meio ao conflito judicial entre Arruda e a Ambipar. A empresa acusa o ex-CFO de ter sido responsável por operações de derivativos cambiais que, segundo a administração, precipitaram a crise financeira do grupo. Com base nesse argumento, a Ambipar obteve em 25 de setembro, na Justiça do Rio de Janeiro, uma medida cautelar de proteção contra credores, preparatória para eventual recuperação judicial.

Pedidos de produção antecipada de provas

Na ação, Arruda solicita a coleta de e-mails do controlador e CEO Tércio Borlenghi Júnior e de diretores como Thiago da Costa Silva, Ricardo Rosanova Garcia, Guilherme Borlenghi, Alessandra Bessa Alves de Melo e Luciana Barca Nascimento.

O ex-executivo também pediu a apreensão de computadores e celulares corporativos, além de cópias forenses dos servidores de e-mail e arquivos internos da Ambipar. O pedido inclui ainda atas de reuniões do conselho, pareceres jurídicos, relatórios de auditoria e compliance e demais documentos relacionados à negociação e aprovação dos aditivos aos contratos de derivativos com o Deutsche Bank.

Aditivo contratual e impacto financeiro

Segundo a Ambipar, o aditivo contratual, assinado por Thiago da Costa Silva e Luciana Barca Nascimento, ampliou as garantias dos swaps cambiais, incluindo bonds emitidos no exterior.

A queda desses papéis e a desvalorização do dólar teriam provocado chamadas de margem que afetaram a liquidez do grupo. A última chamada, de cerca de R$ 60 milhões, venceria em 25 de setembro, mesmo dia em que a Ambipar entrou com o pedido de proteção judicial. Segundo a companhia, o não pagamento poderia antecipar o vencimento de R$ 10 bilhões em dívidas. No segundo trimestre, a Ambipar havia reportado R$ 4,7 bilhões em caixa.

Ex-CFO contesta versão da empresa

Na petição, Arruda contesta a narrativa da Ambipar, afirmando que a companhia tenta transformá-lo em “bode expiatório”. A defesa ressalta que o controlador e CEO Tércio Borlenghi Júnior e demais dirigentes próximos são os verdadeiros responsáveis pela negociação e aprovação do contrato e do aditivo.

“A Ambipar insiste na narrativa de que o aditivo seria o motivo único da derrocada econômica, buscando atribuir ao requerente, seu ex-CFO, a responsabilidade exclusiva”, afirma a ação.

Até o fechamento desta edição, tanto João Arruda quanto a Ambipar não se pronunciaram sobre o caso.