O presidente da Gerdau (GGBR4), Gustavo Werneck, afirmou na manhã desta sexta-feira (1º) que a companhia deve reduzir seus investimentos no Brasil no próximo ano. A companhia divulgou seus resultados do segundo trimestre de 2025 na noite desta quinta-feira (31).
O CEO afirmou, na teleconferência sobre os resultados da companhia, que a decisão parte de movimento da Camex (Câmara de Comércio Exterior) de não colocar mecanismos de defesa comercial “mais intensos”.
A decisão sobre os projetos que serão retirados da pauta deve sair entre agosto e setembro, segundo o executivo. Os investimentos futuros seguirão na América do Norte.
“Lá esses investimentos têm se traduzido em captura de margem e atendimento de demanda”, afirmou.
Desde fevereiro, a companhia vinha alertando que poderia reavaliar os aportes no Brasil por causa do aumento expressivo da presença do aço chinês no mercado brasileiro. Com a confirmação de que o volume do produto importado pelo país asiático alcançou a marca de 23,4% no primeiro semestre, a paciência dos líderes da companhia com o governo brasileiro chegou ao limite.
Há um efeito prático reflexo dessa decisão: 1,5 mil trabalhadores foram desligados pela Gerdau no primeiro semestre deste ano. E mais cortes de postos de trabalho devem ocorrer nesse segundo semestre.
“Nossa situação é muito grave. O governo federal não entendeu com profundidade o que está acontecendo. Não conseguimos compreender como eles aceitam esse patamar de penetração nunca visto de aço importado”, diz Werneck, em entrevista ao portal NeoFeed.
Segundo o executivo, com esse volume de aço estrangeiro, especialmente vindo da China, o Brasil deixará de arrecadar R$ 7 bilhões em impostos da indústria nacional do aço, justamente pelo maior acesso do produto vindo do exterior.
Cortes
Na esteira dos cortes da Gerdau, há planos para a interrupção das linhas de produção de suas fábricas, como a usina de Mogi das Cruzes (SP), que produz aços especiais.
“Chega um momento que há tão pouco volume que não faz sentindo continuar produzindo. É preferível paralisar a usina e transferir essa produção para outras unidades e diluir esse custo.” A maior parte das demissões realizadas pela companhia ocorreu em Pindamonhangaba (SP).
Werneck explica que a decisão já tomada de reduzir os investimentos futuros no Brasil não afetam os aportes já anunciados pela empresa. O CEO afirma que a decisão não afeta recursos alocados em outros países pela empresa.
A garantia da Gerdau, no entanto, é que, se houver uma sinalização prática e definitiva sobre um freio adotado pela União para essa entrada do aço importado, o cenário muda. “No momento em que o governo federal aplicar medidas de defesa comercial, imediatamente a gente pode voltar com essas usinas e seguir produzindo.”