Dança das cadeiras

Lula troca CEO na Petrobras (PETR4) e segue "padrão" Bolsonaro e Temer

Na noite de terça-feira (14), Jean Paul Prates anunciou demissão e substituição por Magda Chambriard; desde Dilma, foram 6 trocas de CEO

Petrobras
Petrobras / Foto: Divulgação

Embora a demissão de Jean Paul Prates da presidência da Petrobras (PETR4), anunciada na terça-feira (14), tenha gerado espanto no mercado, o movimento de dança das cadeiras no comando da empresa não é novidade. Com a mais nova mudança, são dez presidentes em doze anos.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, ao longo de quatro anos de mandato, trocou três vezes o comando da estatal. O primeiro e mais longevo foi Roberto Castello Branco, que permaneceu no cargo entre janeiro de 2019 e abril de 2021.

Em seguida, Bolsonaro nomeou Joaquim Silva e Luna, que assumiu em abril de 2021 e saiu em abril de 2022. José Mauro Ferreira Coelho fez uma breve passagem entre abril e junho de 2022 e, por fim, Caio Mário Paes de Andrade assumiu o cargo até janeiro de 2023.

Durante o governo de Michel Temer, Pedro Parente foi substituído por Ivan Monteiro após dois anos à frente da Petrobras (PETR4). Parente assumiu em maio de 2016, com a promessa de pôr fim à influência política na petroleira e em meio a prejuízos bilionários gerados pelo congelamento nos preços dos combustíveis durante o governo Dilma.

Para reverter esse cenário, Parente instituiu uma política de preços baseada na paridade internacional, o que melhorou os indicadores da companhia, mas promoveu um sobe e desce nos preços dos combustíveis que resultou na greve dos caminhoneiros de 2018. Pedro Parente pediu demissão e Ivan Monteiro assumiu em seguida.

Ao longo de seis anos, o governo de Dilma Roussef realizou uma troca no comando da petroleira. Graça Foster assumiu em fevereiro de 2012 e, em fevereiro de 2015, renunciou ao cargo, em meio ao escândalo de corrupção na Petrobras, a partir da Lava-Jato. Foi nomeado para ser o seu substituto o administrador Aldemir Bendine.

Gabriel Redivo, sócio e diretor de gestão da Aware Investments, chama a atenção para o fato de a companhia ser recordista em substituição de CEOs em um curto espaço de tempo.

“Foram oito desde o governo Temer. Isso, sem dúvida, afeta a confiança dos investidores e a governança da empresa”, pontuou Redivo.

Petrobras (PETR4): mudanças no comando são ‘normais’, mas motivações preocupam

Rodrigo Cohen, analista de investimentos e co-fundador da Escola de Investimentos, destaca que mudanças no comando de empresas com a magnitude da Petrobras podem acontecer, independente do governo.

“Essas mudanças têm acontecido porque não é fácil assumir o comando de uma empresa como a Petrobras. Não envolve só a parte técnica, que já é muito difícil, mas também a política, o mercado, envolve muita coisa. Isso impacta porque, a depender de quem esteja à frente, vai trazer mais ou menos investimentos, proporcionar mais ou menos distribuição de dividendos”, sinalizou Cohen.

O presidente do Instituto Empresa, Eduardo Silva, concorda que a troca da direção de uma empresa – seja pública ou privada – seja normal, mas ressalta que o inquietante são as motivações e, sobre tudo, os acontecimento que antecederam a decisão.

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