
Mais de 100 investidores já se habilitaram em uma ação civil pública movida contra a Americanas, buscando reparação pelos prejuízos causados pelo escândalo contábil revelado em janeiro de 2023.
O prazo para adesão à ação, proposta pelo Instituto Brasileiro de Cidadania (Ibraci), termina nesta quarta-feira (21).
A ação tramita na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro e solicita que a varejista seja condenada ao pagamento de indenizações por danos materiais e morais individuais aos investidores lesados.
Para participar, os investidores devem comprovar a compra de ações da empresa antes de 12 de janeiro de 2023, por meio de documentos como notas de corretagem.
Na véspera da revelação da fraude, as ações da Americanas estavam cotadas a R$ 12; no dia seguinte, despencaram para R$ 2,72, conforme destacou Gabriel de Britto Silva, diretor jurídico do Ibraci.
Ação contra Americanas amplia escopo e enfrenta resistência jurídica
Além dos investidores, a ação também visa alcançar credores que não receberam pagamentos, comerciantes do marketplace da empresa e consumidores que adquiriram produtos e não os receberam nem tiveram o valor restituído. O Ibraci argumenta que essas partes também devem ser compensadas pelos danos sofridos.
A Americanas, por sua vez, contesta a ação e argumenta que os investidores devem buscar reparação por meio de arbitragem. A empresa também questiona a fundamentação das demandas apresentadas pelo Ibraci, alegando que não há provas suficientes para justificar a condenação por danos morais coletivos.
Americanas (AMER3) se aproxima da normalidade, diz CEO
Após mais de dois anos desde o escândalo contábil que abalou o mercado de capitais brasileiro, a Americanas (AMER3) está em processo de recuperação judicial e busca retomar seu crescimento sustentável. A empresa, que possui cerca de 1.600 lojas físicas em todo o Brasil, aposta na renovação de sua rede para reconquistar a confiança dos consumidores.
Segundo Fernando Soares, diretor de operações da companhia, os clientes que conhecem a varejista não a abandonaram, mesmo em meio à turbulência. Ele afirma: “O consumidor está na loja, sempre esteve. Se a discussão fosse de perda de venda, seria uma discussão bastante mais difícil, mas não é o caso. A gente vem crescendo venda, crescendo frequência em loja e isso é bastante importante para a continuidade do negócio.”
O atual CEO, Leonardo Coelho, e a diretora financeira, Camille Leite, assumiram suas posições com a missão de colocar a empresa nos trilhos. Coelho destaca que a recuperação é um processo longo e que a empresa ainda está “longe do fim”. Ele afirma: “Sempre dissemos que é um processo longo. Não se consegue fazer uma recuperação que deixe a companhia preparada para o longo prazo acelerando além do que ela suporta.”
A Americanas também está investindo na transformação de sua operação digital, focando em categorias como linha branca e eletrodomésticos, que não têm destino nas lojas físicas. A empresa busca equilibrar suas operações físicas e digitais para oferecer uma experiência mais completa aos consumidores.
Apesar dos desafios, a Americanas demonstra resiliência e está determinada a retomar seu papel de destaque no varejo brasileiro. Com uma estratégia focada na renovação de suas lojas físicas e na transformação digital, a empresa busca consolidar sua recuperação e voltar a crescer de forma sustentável.