O fenômeno das ações meme, ou “meme stocks”, é relativamente novo. O termo se popularizou com o caso da varejista GameStop, que anunciou recentemente que captou US$ 2,14 bilhões com uma programa de venda de ações.
Os ganhos da empresa vieram após o investidor Keith Gill, mais conhecido como Roaring Kitty, se mostrar otimista com a GameStop através de suas redes sociais. Após ele se manifestar, as ações meme da empresa dispararam na bolsa de Nova York.
“A GameStop se transformou na meme stock mais famosa porque é uma rede de vendas de videogames, de jogos, que vem assistindo ao seu faturamento despencar nas últimas décadas, já que cada vez mais a comercialização dos consoles e dos games acontece de forma online”, explicou ao BP Money Bruno Corano, economista e investidor da Corano Capital.
Segundo Corano, a GameStop era um gigante no segmento de games e consoles. Contudo, com a evolução das tecnologias, os usuários não têm mais a necessidade de comprar em uma loja especializada.
Cerca de dois anos atrás começaram ruídos de que a GameStop passaria a apresentar resultados benéficos e que as ações subiriam.
“Esses ruídos circulavam justamente em blogs, em comunidades, em uma corretora americana chamada Robinhood, que, logicamente, não é uma corretora de primeira linha”, acrescentou Corano.
O economista destaca que a empresa não é uma companhia com um desempenho ruim, mas os números são contraintuitivos ao seu desempenho.
Em três anos, com as movimentações em blogs e redes sociais, a GameStop teve seu segundo pico – seu segundo momento como “meme stock”.
O que motiva investidores a impulsionar ‘meme stocks’?
Uma meme stock é motivada por um ruído, que pode ser “desamparado” e sem fundamento, como explicou Corano.
O analista disse que os ruídos são disseminados em comunidades on-line, majoritariamente nos EUA.
“Já que o mercado americano tem amplitude praticamente global, muitas pessoas são atingidas mundo afora, mas essencialmente as meme stocks são negociadas somente nos Estados Unidos”, explicou ele.
Em complemento, o economista fundador do Límen, Gustavo Araújo, apontou que os investidores que fazem aplicações nesse tipo de ativo podem ter diversas motivações.
“Muitos investidores são motivados pela sensação de comunidade e pelo desejo de ‘dar uma lição’ em grandes instituições financeiras que lucram com a queda de empresas menores”, disse Araújo ao BP Money.
Além disso, ele pontuou outros fatores, como entretenimento. Ele explicou que alguns investidores enxergam esses ativos como uma “aposta em jogo de azar”.
Nesse sentido, muitos também veem os papéis como uma forma de obter lucros rápidos, devido à volatilidade do ativo.
Uma aposta arriscada
“Investir em ações meme pode ser extremamente arriscado. A alta volatilidade significa que o preço dessas ações pode subir rapidamente, mas também pode cair abruptamente“, disse Araújo.
Já o educador financeiro da Ágora Investimentos, Eduardo Reis Filho, afirmou que o principal risco nesse tipo de aplicação é justamente a oscilação inesperada no valor da ação.
“Se olharmos de forma fundamentalista, que é uma das análises mais seguras de avaliar a saúde e os números de uma empresa, é possível perceber que algumas dessas ações já não têm fundamentos sólidos e são meramente especulativas”, disse Eduardo Reis, de acordo com a B3.