Prejuízo e dividendos?

Petrobras quer agradar ‘gregos e troianos’; vem problema por aí?

“A decisão da Petrobras de distribuir R$ 9,1 bilhões [...] levanta questionamentos sobre a sustentabilidade dessa política", diz analista.

Petrobras
Petrobras (PETR4) / Foto: reprodução/Tânia Rêgo

A Petrobras (PETR4) divulgou seu balanço referente ao quarto trimestre de 2024 na última quinta-feira (26). O resultado não foi bem recebido pelos investidores, que se preocuparam com as políticas de dividendos da estatal, considerando que a empresa anunciou o possível pagamento de dividendos de R$ 9,1 bilhões após reportar um prejuízo líquido.

O anúncio fez as ações derreterem na Bolsa brasileira. Na véspera, a CEO da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a empresa agora vai priorizar investimentos estratégicos. A declaração levanta a possibilidade de a estatal sofrer ainda mais reduções nos próximos lucros trimestrais.

“Entendemos a frustração com a redução dos dividendos no curto prazo, mas estamos priorizando investimentos estratégicos, especialmente na antecipação de projetos em Búzios”, afirmou a CEO em teleconferência.

“A decisão da Petrobras de distribuir R$ 9,1 bilhões, mesmo diante do prejuízo, utilizando reservas de caixa, levanta questionamentos sobre a sustentabilidade dessa política de remuneração aos acionistas em um cenário de resultados financeiros complicados”, comentou Fabio Louzada, economista e sócio-fundador da Eu Me Banco Educação.

Assim, a continuidade desse tipo de prática pode ser vista como arriscada caso os resultados não apresentem recuperação nos próximos trimestres.

“O prejuízo, a redução de receitas, a distribuição de dividendos e o aumento inesperado de investimentos geram um ambiente de incerteza”, acrescentou o economista.

Petrobras: aumentar capex pode comprometer dividend yield

“Se a Petrobras realmente aumentar o capex, como sinalizou no quarto trimestre e pode acontecer ao longo de 2025, isso pode comprometer o dividend yield [DY]”, disse Max Bohm, estrategista de ações da Nomos.

Atualmente, o DY está projetado entre 13% e 14% para 2025. O cenário reforça que a empresa precisa ser monitorada. “Certamente, o mercado vai ficar de olho, porque talvez o maior atrativo da Petrobras atualmente seja a possibilidade de ter algo como 14%, 15% de yield”, acrescentou Bohm.

Mesmo com o cenário controverso, o especialista acredita que essa contração pode representar um “bom ponto de entrada no papel”.

“Temos uma visão construtiva para a tese da Petrobras, mas sempre observando a questão do capex e a revisão do guidance para 2025. Isso pode comprometer um pouco o case”, concluiu o estrategista.