Ambev a salvo?

Possível interesse de irmãos Batista no Petrópolis traz competitividade para setor

“Essa aquisição pode trazer novos ares competitivos e uma expansão de outras marcas para se tornarem ainda mais relevantes”, disse analista

Wesley e Joesley Batista
Wesley e Joesley Batista retomam à JBS (JBSS3) (Foto: reprodução)

A notícia de que os irmãos Batista estariam interessados em adquirir 50% do Grupo Petrópolis agitou o mercado. Inicialmente divulgada pelo colunista Lauro Jardim, de “O Globo”, a informação teve efeito quase imediato sobre as ações do setor, fazendo, inclusive, os papéis da Ambev (ABEV3) despencarem. Diante das conjecturas em torno do tema, Joesley Batista veio a público negar (sem muita firmeza) o interesse na aquisição.

Os irmãos Joesley e Wesley Batista são proprietários da J&F Investimentos, holding que controla a JBS (JBSS3). Segundo a lista de bilionários da Forbes, publicada em setembro de 2024, os irmãos acumulam uma fortuna de R$ 23 bilhões cada um.

Já o Grupo Petrópolis detém uma fatia de 12% do mercado brasileiro de cervejas, sendo dono de marcas como Itaipava, Crystal, Petra e Black Princess. A companhia entrou com pedido de recuperação judicial há aproximadamente dois anos. Além disso, o grupo, do empresário Walter Faria, fechou recentemente um financiamento no modelo DIP com o Banco Original, controlado pela J&F Participações, da família Batista, no valor de R$ 328 milhões.

Mas quais seriam os efeitos dessa operação para o setor? Esse foi o questionamento que rondou o mercado nos últimos dias. Analistas consultados pelo BP Money entraram em consenso de que a aquisição poderia aquecer o setor de bebidas brasileiro. Logo, poderia até mesmo colocar grandes players em maus lençóis.

“Essa aquisição pode trazer novos ares competitivos e uma expansão de outras marcas para se tornarem ainda mais relevantes”, comentou Matheus Lima, analista de investimentos e sócio da Top Gain.

“Atualmente, o mercado brasileiro de cervejas é dominado por grandes players, como Ambev e Heineken. A injeção de capital e a expertise empresarial dos Batista podem fortalecer o Grupo Petrópolis, permitindo investimentos em expansão e inovação, o que pode alterar a dinâmica competitiva existente”, acrescentou Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.

Aquisição poderia ser muito positiva para irmãos Batistas, dizem analistas

Dentre as questões levantadas, a que mais se destacou foi o nível de alavancagem do Grupo Petrópolis. No entanto, aparentemente, os pontos negativos não conseguiriam sobrepor os positivos em uma possível operação.

“Existe o risco para a Ambev no que diz respeito à formação de preços. Uma possível expansão para as cervejas artesanais também pode significar maior competição para a Ambev”, disse Bruno Corano, economista da Corano Capital.

Além disso, outro ponto positivo levantado foi que uma possível aquisição poderia destravar valor ao portfólio da J&F. “A diversificação e expansão para novos mercados podem melhorar a percepção do mercado sobre a holding, potencialmente beneficiando suas subsidiárias”, destacou Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos.

Caso a compra fosse confirmada, a operação seria muito vantajosa para os irmãos Batista, considerando que o Grupo Petrópolis está enfrentando uma recuperação judicial. A aquisição poderia ocorrer a um custo considerado baixo pelos especialistas. “Então, é vantajoso para os irmãos Batista, considerando que há uma alta probabilidade de comprarem essa participação a um preço muito atraente para o grupo”, concluiu Lima, sócio da Top Gain.