Falta de viabilidade

Vale deve desistir da compra da mineradora Bamin; projeto de R$ 31 bi

O projeto da Bamin, criada em 2005 em Caetité, no sudoeste baiano, envolve a construção de uma mina com capacidade de 26 milhões de toneladas

Foto: Vale/Divulgação
Foto: Vale/Divulgação

O consórcio liderado pela Vale (VALE3), com o grupo mineiro Cedro Participações e a BNDESPar, avalia que não haverá retorno suficiente sobre o investimento de US$ 5,5 bilhões (equivalente a R$ 31 bilhões) no projeto da mineradora Bamin (Bahia Mineração). A tendência é que o negócio seja oficialmente descartado até o fim do mês.

Neste momento, o governo busca um sócio estrangeiro para viabilizar a operação e reduzir a fatia de investimento necessária por parte da Vale, do BNDES e do grupo Cedro, que se tornariam sócios segundo o modelo discutido pelas autoridades.

Fontes próximas ao projeto informaram ao Estadão que os cálculos do investimento para viabilizar a produção de 26 milhões de toneladas de minério de ferro por ano, ao longo de duas décadas, não fecham. Sob controle do grupo cazaque ERG (Eurasian Resources Group) há cerca de 15 anos, o empreendimento é considerado estratégico tanto pelo governo da Bahia quanto pelo governo federal, representado pelo presidente da República e pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa (PT), ex-governador do estado.

O Palácio do Planalto pressiona desde 2023 para que a Vale assuma o projeto, adquirindo a mineradora controlada pelo grupo ERG e tocando as obras pendentes. A ERG afirma já ter investido cerca de US$ 2,2 bilhões (R$ 12,3 bilhões, ao câmbio atual), mas decidiu não aportar mais recursos e agora busca uma saída.

Projeto Bamin

O projeto da Bamin, criada em 2005 em Caetité, no sudoeste baiano, envolve a construção de uma mina com capacidade de 26 milhões de toneladas por ano, além da conclusão de uma ferrovia de 537 km e de um porto marítimo 12 km ao norte de Ilhéus (BA), apto a receber navios de grande porte para exportação de minério, grãos e cargas gerais.

O trecho da ferrovia e o porto, chamado Porto Sul, integram o traçado da Ferrovia Bioceânica, que o governo brasileiro deseja alavancar com apoio da China, visando cortar o país de leste a oeste e facilitar o escoamento da produção nacional até os portos do Pacífico, no Peru, com destino final à China.