Avaliação de analistas

Vale (VALE3): ação está ‘descontada’ em relação ao minério

“Os preços das ações são dependentes dos preços do minério de ferro", disse analista

Vale/ Foto: Canva/ Divulgação/ Montagem: Luiza Gonçalves
Vale/ Foto: Canva/ Divulgação/ Montagem: Luiza Gonçalves

O lucro líquido do segundo trimestre de 2024 da Vale (VALE3) registrou uma alta de 210%, na comparação anual, chegando a US$ 2,76 bilhões. A informação foi divulgada pela mineradora na última quinta-feira (25). Consequentemente, as ações dispararam na sexta-feira (26), fazendo o papel fechar com alta de 1,49%, a R$ 61,47.

“Essa alta no lucro líquido da Vale na comparação anual de 210% vem de efeitos não recorrentes que impactaram negativamente o resultado do ano passado (reversão do imposto de renda diferido relacionado à Fundação Renova) e ganhos deste ano (entre outros, houve um ganho em desinvestimento)”, explicou ao BP Money o analista de renda variável da Rio Bravo, Francesco Pasino.

Já a recente valorização das ações da Vale (VALE3) se distancia das cotações dos pregões do último mês. As ações da companhia vêm sofrendo com uma série de fatores internos e externos.

Em um mês até a última segunda-feira (29), a ação acumulava uma queda de 0,16%; em seu último fechamento, o papel estava sendo negociado a R$ 61,50.

Foto: gráfico produzido pelo TradingView

“As quedas de 20% no ano das ações se devem a incertezas em relação à mudança de CEO no final do ano e à potencial pressão política. Além disso, acredito que o mercado esteja esperando o acordo em Mariana”, comentou Pasino.

O atual CEO da mineradora, Eduardo Bartolomeu, permanece no cargo somente até o final de 2024. As preocupações do mercado são referentes a quem irá assumir a cadeira e como será a nova condução da empresa.

Notícias mais recentes apontaram que Dario Durigan, braço direito de Fernando Haddad (PT) no Ministério da Fazenda, está sendo cotado para assumir a presidência da companhia.

Caso de Mariana

Já no dia 12 de julho, as mineradoras Vale e BHP Billiton, acionistas da Samarco, fecharam acordo para dividir a responsabilidade sobre os casos envolvendo o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana (MG), no Reino Unido e na Holanda. A informação é da “Agência Brasil”.

A Samarco é responsável pela barragem que rompeu em Mariana, na região central de Minas Gerais, em 2015.

Em 2018, as vítimas afetadas acionaram as cortes britânicas buscando indenização e responsabilização da BHP, que tem sede em Londres.

Com o passar do tempo, a BHP moveu uma ação para incluir Vale. O pedido foi acatado em 2023, mas com o acordo entre as companhias, a Vale foi retirada.

Além disso, em comunicado divulgado pela Vale, o acordo firmado com a BHP não atribui nenhuma admissão de responsabilidade. Por outro lado, a mineradora destacou que continua comprometida com as medidas para a reparação dos danos que seguem no Brasil.

Preços das ações da Vale (VALE3) ‘são dependentes’ do minério, diz analista

Além do cenário doméstico e das incertezas relacionadas ao novo CEO, o especialista da Valor Investimentos, André Motta, destacou que fatores externos pesam sobre os papéis.

“Os preços das ações [da Vale] são dependentes dos preços do minério de ferro e, no curto prazo, não é possível afirmar como ele se comportará”, disse Motta.

Conforme apontado pelo analista, os preços do minério de ferro têm apresentado contrações. Segundo dados da “Bloomberg”, a contração vem à medida que a demanda fraca na China tende a não absorver um aumento da oferta global.

“Olhando o longo prazo e o preço médio histórico, as ações da Vale negociam com desconto em relação à cotação que remuneraria adequadamente os acionistas, dado o cenário atual, que seria em torno de R$ 83, segundo o consenso dos analistas de mercado”, acrescentou Motta.

De acordo com dados do “Investing”, a ação da mineradora está sendo negociada em torno de R$ 60,00.

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