A Vale (VALE3) divulgará o seu balanço do terceiro trimestre de 2024 nesta quinta-feira (24), e especialistas ouvidos pelo BP Money apontaram que as expectativas para o balanço da mineradora são otimistas em relação à produção, mas cautelosas em termos de rentabilidade.
“Espera-se que a produção de minério de ferro continue em alta, com um crescimento de 5% no trimestre, resultado do desempenho sólido nas operações de S11D e no Sistema Sudeste”, comentou Anderson Santos, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital.
De acordo com o especialista, esse é um ponto positivo, considerando que a produção de minério de ferro chegou ao maior volume desde 2018. Além disso, os estoques cresceram em 5,5 milhões de toneladas, “prontos para serem convertidos em vendas no 4º trimestre”.
“Um dos destaques mais relevantes será o setor de níquel, que teve uma recuperação robusta, crescendo 12% ano a ano e 69% em comparação ao trimestre anterior, refletindo o melhor desempenho nas operações canadenses”, disse Santos.
Vale lembrar, ainda segundo o analista, que o cobre também se manterá como um ponto importante. É esperado um avanço de 5% na produção, mesmo com o impacto do incêndio em Salobo III.
Já em um ponto menos positivo, o segmento de pelotas pode trazer certa cautela, mesmo com um avanço de 18% nas vendas. “Os preços mais baixos das commodities podem limitar o EBITDA ajustado”, declarou Santos.
China deve ter forte impacto no balanço da Vale (VALE3)
Também foi apontado que o cenário global deve impactar o terceiro trimestre da Vale (VALE3). A desaceleração da economia chinesa segue como um fator importante, já que a China é a maior cliente da organização.
A redução da confiança do consumidor pressiona a demanda por aço, e o enfraquecimento do mercado imobiliário da China vem afetando a demanda por minério de ferro.
Além disso, mesmo com os recentes estímulos econômicos da China, há incertezas sobre sua eficácia no longo prazo. Isso deve manter os preços das commodities voláteis no mercado internacional.
“Por mais que, nessas últimas semanas, tenha recebido algumas mensagens positivas do governo, com estímulos, o problema é muito maior do que podemos imaginar. E ainda não está claro o tamanho desse abismo”, comentou Bruno Corano, economista da Corano Capital.
“Estamos acompanhando o valor da commodity principal da Vale caindo, justamente em razão da desaceleração, especialmente da China, que era o maior consumidor de minério, e que vem sofrendo, em particular, a indústria da construção civil”, acrescentou Corano.
Segundo o especialista, mesmo que a Vale esteja fazendo “a lição de casa, batendo recorde de produção”, o impacto nos resultados será significativo. Assim, se a matéria-prima continuar caindo, os resultados podem ser ainda piores.