A liberação para a venda de medicamentos sem prescrição médica em supermercados, uma das medidas em discussão entre o governo e o varejo para baixar o preço dos alimentos, causou divergência entre setores nas redes.
O executivo da Raia Drogasil e membro da família fundadora da Raia, Eugênio de Zagottis, fez uma postagem no LinkedIn, no sábado (25), criticando a proposta, que partiu da Abras (Associação Brasileira de Supermercados). Em seguida, o presidente da associação, João Galassi, respondeu a publicação em defesa da medida.
As postagens causaram discussões em grupos de WhatsApp com líderes do setor neste fim de semana, segundo informações do “Valor”. As divergências sobre o assunto são antigas, uma vez essa reivindicação de venda de medicamentos em supermercados está parada há anos na Câmara dos Deputados.
Argumentos contra e a favor dos remédios sem prescrição em supermercados
Em sua postagem, Zagottis anexou um vídeo do médico Drauzio Varella falando sobre riscos da venda de medicamentos fora de farmácias para a saúde de população.
“Os supermercados que desejam já podem comercializar medicamentos, inclusive de prescrição, em suas farmácias próprias, que possuem farmacêuticos e atendem à legislação. Porém, várias redes de supermercados vêm fechando suas farmácias porque não conseguem ser competitivas, sobretudo em preços. Portanto, o argumento de que os supermercados contribuiriam para abaixar a inflação é falacioso e ilusório”, disse o executivo, no LinkedIn.
“Ainda sobre preços, já existem hoje mais de 90 mil farmácias competindo fortemente entre elas. Outro aspecto a se considerar é que as farmácias possuem custos quase todos fixos (farmacêuticos, gerentes, atendentes, aluguel, energia, etc.). Portanto, se parte da venda dos MIPs migrar, essa despesa permanecerá intacta, e a perda precisará ser compensada nos medicamentos tarjados, que pesam muito mais na inflação e no bolso das famílias, podendo gerar efeito inverso ao desejado”, continuou.
Em resposta, Galassi afirmou que vários supermercados já têm farmácias e cumprem a legislação a respeito, mostrando que o setor tem capacidade de trabalhar com medicamentos responsavelmente.
Ainda, ele escreveu que a ideia é ampliar o acesso a medicamentos isentos de prescrição “com total conformidade regulatória e supervisão farmacêutica, beneficiando ainda mais os consumidores”.