
No último mês, a Ambipar (AMBP3) chamou a atenção dos investidores devido ao escândalo que levou a companhia à recuperação judicial.
As operações financeiras conduzidas pelo ex-diretor financeiro, João Arruda, e pelo ex-vice-presidente do Deutsche Bank, Henrique Ramin teriam causado um desbalanceamento nas contas da companhia.
A crise começou com uma série de alterações em um contrato de empréstimo de US$ 35 milhões (R$ 186 milhões) firmado entre a Ambipar e o Deutsche Bank em 18 de setembro.
De acordo com informações, em fevereiro de 2025, Arruda e Ramin estruturaram um bond com o intuito de captar US$ 493 milhões, com hedge cambial feito pelo Deutsche Bank — do qual Ramin já era vice-presidente há quase seis meses — e decidiram transferir para o banco alemão também o hedge de um bond de 2031, feito quando ambos ainda estavam no BofA (Bank of America). A justificativa apresentada foi de que a mudança reduziria custos para a Ambipar.
Já em março deste ano, Arruda e começaram a estruturar o chamado PIK Bond — instrumento financeiro que adia o desembolso de caixa, mas eleva o endividamento total. Segundo informações do Metrópoles, trata-se de um título em que os juros são pagos com a emissão de novos papéis de dívida.
A companhia ainda alegou que o Deutsche Bank fez ameaças diárias caso as margens não fossem depositadas. Na prática, isso significa que 100% das dívidas venceriam de imediato.
Com a informação do contrato do PIK Bond, o Santander também antecipou o vencimento de US$ 112 milhões e exigiu pagamento imediato. O Itaú seguiu caminho similar, ameaçando cobrar US$ 90 milhões de uma dívida contratada nos EUA. Estava criada, assim uma espiral de dívidas
Após o escândalo estourar, Arruda solicitou uma reunião com a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e pediu à justiça a busca e apreensão de documentos da Ambipar para uma perícia independente, com o objetivo de evitar a destruição de possíveis provas.
Inicialmente, a companhia solicitou proteção contra os credores para a justiça do Rio de Janeiro. O pedido, que foi concedido, se transformou em uma recuperação judicial no fim de outubro. Com dívidas de cerca de R$11 bilhões, a Ambipar foi retirada dos índices dos quais participava na B3.
Confira a lista dos principais credores da Ambipar (AMBP3)
| Credor | Valor devido |
| Santander (SANB11) | R$ 633 milhões |
| Banco do Brasil (BBAS3) | R$ 352 milhões |
| Banco do Nordeste (BNBR3) | R$ 207 milhões |
| Deutsche Bank (DBAG34) | R$ 188 milhões |
| Daycoval (DAYC4) | R$ 109 milhões |
| ABC Brasil (ABCB4) | R$ 56 milhões |
Com informações de Veja e Times Brasil