O BTG Pactual divulgou nesta sexta-feira (1º) um relatório sobre do Banco do Brasil (BBAS3) em que reduz as estimativas de lucro para esse ano e para o próximo. A Genial Investimentos enviou um relatório aos clientes analisando que o banco deve reportar resultados ruins.
O documento de estimativas negativas chegaram antes de o banco divulgar o balanço do segundo trimestre de 2025, que está previsto para 14 de agosto. Informações via Seu Dinheiro e Veja Negócios
A recomendação do BTG para as ações BBAS3 são neutras e, agora, a instituição financeira reduziu o preço alvo de R$ 30 para R$ 24. O papel terminou essa sexta com recuo de 6,85%.
O BTG já havia recalculado suas estimativas para o banco após o resultado decepcionante do 1T25 (quando os papéis desabaram 12% em um único dia após o balanço), mas concluiu que não foi o suficiente. “A questão é que quanto mais aprendemos, mais preocupados ficamos que nossas estimativas ainda pareciam excessivamente otimistas”, escreveram os analistas.
O BTG espera que o Banco do Brasil tenha um lucro líquido de R$ 5 bilhões no 2T25, com ROE (retorno sobre patrimônio) de 11,1%, e lucro de R$ 23,5 bilhões para este ano, com ROE de 12,5% — corte de 23% e 20%, respectivamente, em relação às estimativas anteriores do banco, e 3% e 14% abaixo das expectativas de mercado.
Para 2026, o BTG estima um lucro líquido de R$ 28,2 bilhões, com ROE de 14,2%, o que está 10% abaixo das expectativas de mercado.
Já a Genial Investimentos projeta um lucro líquido de R$ 5,1 bilhões, o que representaria uma queda de 31% em comparação com o primeiro trimestre e de 46% na base anual.
“Esperamos que o Banco do Brasil entregue o desempenho mais fraco entre os bancos. Enquanto os pares devem manter ou até elevar sua rentabilidade, o BB deve registrar nova piora relevante. Projetamos uma deterioração adicional com indicadores que apontam para um agravamento das principais tendências de qualidade dos ativos”, escrevem. “O desempenho mais fraco deve-se principalmente a três vetores: inadimplência persistente no agro, aceleração da constituição de provisões e pressão sobre a margem financeira”, concluíram os analistas da Genial Investimentos
Banco do Brasil x Agro
Tanto o BTG quanto a Genial Investimentos apontam a relação entre Banco do Brasil e o agro, marcada pela deterioração “persistente e estrutural” no setor de empréstimos agrícolas, como o calo da vez – e ele não é novidade. Atualmente o Banco do Brasil é líder nesse setor.
Na percepção do BTG, essa deterioração não é apenas cíclica, mas provavelmente tem raízes mais profundas. Entre os desafios estruturais relacionados ao agro, o BTG listou:
- O BB pode ter perdido parte de seu status de “relacionamento bancário primário” com os clientes, o que pode tê-lo empurrado para trás na linha de prioridade de pagamento para alguns produtores;
- O BB também parece depender de terceiros para o armazenamento de grãos dados como garantia, o que enfraquece sua posição na execução de garantias;
- Além disso, a Lei 14.112/20 permitiu que os produtores entrassem com pedido de recuperação judicial, o que impede o banco de exercer suas garantias hipotecárias;
- Segundo o BTG, muitos novos produtores começaram a cultivar soja nos últimos anos, atraídos pelos altos preços durante esse período — os chamados “aventureiros”. “Esses não são os clientes tradicionais do BB, e alguns entraram com pedido de recuperação judicial sem muita preocupação em perder o acesso a crédito subsidiado, pois podem acabar mudando para uma atividade completamente diferente”.
De acordo com a instituição financeira, “a recuperação do agronegócio pode levar tempo e se estabelecer em condições mais fracas”.
“Acreditamos que a deterioração nos resultados está vindo ‘de elevador’, enquanto qualquer recuperação provavelmente irá ‘subir as escadas’”, escreveram os analistas, referindo-se a uma provavelmente lenta recuperação do BB.