
Cliente de referência do Banco Master, o empresário Nelson Tanure se apoiou em crédito da instituição nos últimos anos para expandir seus negócios, montar estratégias de coinvestimentos e aplicar o caixa de suas investidas em títulos do grupo. Nesse cenário, o caso do Banco Master gerou uma série de ajustes nessas operações, ainda em curso.
Master e Bluebank eram os bancos com maior volume de operação recente de Tanure e também administravam alguns de seus fundos. O Bluebank deixou de existir — era originado no Letsbank, devolvido pelo BC (Banco Central) ao conglomerado Master, que será liquidado. Assim, o empresário perdeu duas fontes importantes de liquidez para seu portfólio.
Além disso, antes mesmo da intervenção do BC no Master, teve início uma crise correlacionada: a da Ambipar (AMBP3). A desconfiança do mercado girava justamente em torno de uma suposta exposição do caixa da companhia ao Master.
O banco e Tanure haviam feito, um ano antes, uma estratégia conjunta de investimento na Ambipar, o que acabou sendo alvo de investigação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Parte considerável da liquidez de Tanure estava em ações da Ambipar, que viu cerca de R$ 1,5 bilhão se transformar em menos de R$ 100 milhões com a crise da empresa. Em efeito dominó, o empresário acabou perdendo também as ações da Emae, executadas pela XP e adquiridas pela Copasa — agora tema de embate judicial.
A Emae investiu, ao longo do último ano, R$ 160 milhões em CDBs (Certificados de Depósito Bancário) do Letsbank. A empresa divulgou, via fato relevante neste mês, ter uma exposição equivalente a 5,88% do ativo total no final de setembro.
Banco Master: Tanure avançou sobre Light
Também por meio do dono do Master, Daniel Vorcaro, Tanure avançou sobre a Light. Era nesse bloco conjunto que o empresário aparecia como o maior acionista — posição enfraquecida após o Master vender sua participação para levantar caixa. De acordo com o Pipeline, o fundo de pensão da Light investiu em ações da Ambipar e da Emae no período em que Tanure apostou nessas empresas com apoio do Master.
Nesse contexto, quando Tanure decidiu montar a Alliança, ao comprar a ação de médicos na então Alliar, o grupo Master financiou e também participou da operação. A Alliança possuía R$ 18,26 milhões em financiamento com o Letsbank, a uma taxa de CDI + 6%. Segundo matéria do Pipeline, a companhia declarou que o empréstimo foi quitado e que a informação constará no balanço.
Sob o comando de Tanure, a Lormont Participações — que possui 46% da empresa de saúde — havia comunicado, em julho, a intenção de usar créditos de R$ 532,6 milhões detidos contra a empresa em um futuro aumento de capital. Parte desse movimento vem de recebíveis do SAn Créditos Estruturados I FIDC, gerido pela Blue Solutions, empresa de Maurício Quadrado, ex-sócio do Master e Bluebank.
Agora, para levantar capital, Tanure contratou o BTG Pactual para vender a totalidade ou parte da Alliança — informação antecipada pelo colunista Lauro Jardim e confirmada pelo Pipeline.